A uva de mesa brasileira vive um momento histórico. No Vale do São Francisco, uma das principais regiões produtoras do país, os parreirais exibem cachos impressionantes que chegam a pesar até 1 kg. A colheita atual é considerada uma das melhores dos últimos anos, com frutas graúdas, crocantes e sem sementes, muito valorizadas nos mercados internacionais especialmente nos Estados Unidos.
No entanto, o cenário positivo esbarrou em um problema inesperado: o tarifaço anunciado pelo governo norte-americano. A medida ameaça as exportações de frutas brasileiras, incluindo as uvas de mesa, justamente no auge da safra. Em 2024, os EUA compraram 26% das uvas brasileiras, gerando quase US$ 42 milhões em receita. Com a nova barreira tarifária, esse mercado pode encolher drasticamente.
Crescimento acelerado nas exportações
Apesar das incertezas, o desempenho da uva brasileira no exterior tem sido notável. Apenas no primeiro semestre deste ano, as exportações cresceram 77% em volume e ultrapassaram US$ 26 milhões em faturamento, tornando a fruta a terceira mais exportada pelo Brasil, atrás apenas da manga e do melão.
A variedade 15, especialmente cultivada no Vale do São Francisco, tem se destacado por sua aceitação no mercado externo. Sem sementes e com sabor adocicado, ela é ideal para consumo in natura em diversas ocasiões, desde o café da manhã até lanches rápidos.
Pressão logística e risco de desperdício
Com a safra pronta e embalagens adquiridas, os produtores enfrentam um dilema logístico. “Temos todas as reservas de navio feitas. Por isso, a urgência de uma solução rápida para essa questão tarifária”, destacou um exportador local. O mercado interno, embora consumidor, não tem capacidade de absorver o volume que seria enviado aos EUA.
Sem alternativas imediatas, o risco é de desperdício da produção ou de prejuízo financeiro para os produtores.
Esperança chinesa
Diante do impasse com os Estados Unidos, os olhos do setor se voltam para a China. Uma comitiva de compradores chineses deve visitar o Brasil em agosto para avaliar a fruta e fortalecer parcerias comerciais.
Segundo a Associação dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas), a tensão comercial com os EUA pode acelerar a abertura do mercado chinês para a uva de mesa brasileira, que tem grande potencial de aceitação por sua qualidade e valor competitivo.
“Essas tarifas impostas pelos EUA vão, inevitavelmente, impulsionar a exportação de uvas para a China”, afirmou um representante da associação.
Tabela: Panorama das exportações de uva do Brasil (1º semestre 2025)
Indicador | Valor |
Crescimento das exportações | +77% |
Faturamento total | US$ 26 milhões |
Participação dos EUA (2024) | 26% das exportações totais |
Receita com EUA (2024) | US$ 42 milhões |
Posição no ranking de frutas | 3ª mais exportada (2025) |
A depender das articulações diplomáticas e da agilidade dos produtores, a uva brasileira pode conquistar novos mercados e minimizar as perdas com o tarifaço. A transição, no entanto, exigirá estratégia, investimentos logísticos e, sobretudo, apoio governamental.
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