
Karine de Oliveira Campos, conhecida como Rainha do Pó, é apontada como líder de quadrilha de tráfico internacional de drogas
g1 Santos
Conhecida como ‘Rainha do Pó’, Karine de Oliveira Campos foi condenada a 4 anos e 8 meses de prisão pela 5ª Vara Criminal Federal de Santos, no litoral de São Paulo. A pena foi estabelecida por associação ao tráfico, já que Karine é apontada como líder de uma quadrilha que traficava cocaína para Europa pelo Porto de Santos. O marido dela, Marcelo Mendes Ferreira, também foi condenado.
O grupo criminoso foi desarticulado na Operação Alba Vírus, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em 2019. Segundo a corporação, a quadrilha utilizou um carregamento de amianto, produto considerado tóxico e cancerígeno, para esconder 706 kg de cocaína e enviá-lo à Europa.
A droga foi interceptada após alerta da Interpol na África do Sul. A preparação foi registrada em vídeo como garantia aos compradores (veja abaixo).
Traficantes escondem tabletes de cocaína em carga de amianto no Porto de Santos, SP
Em 2020, Karine, Marcelo e outros três integrantes da quadrilha foram condenados pelo crime de tráfico internacional de drogas, levando em consideração o envolvimento deles em diversas exportações de cocaína. No entanto, o casal recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), solicitando anulação de provas colhidas a partir de um mandado de busca e apreensão e o pedido foi aceito.
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Segundo a defesa, a ação da PF ocorreu antes do mandado de busca e apreensão ser proferido e disponibilizado no sistema digital. A 5ª Vara Criminal Federal de Santos justificou que houve instabilidade do sistema e a representação foi processada via expediente físico, sendo incluída no meio eletrônico posteriormente.
Em setembro de 2024, a Corte do STJ determinou anulação das provas no processo. Desta forma, o caso retornou à Justiça em primeiro grau para uma nova decisão.
Nova condenação
Neste mês de julho, o juiz federal Roberto Lemos dos Santos Filho analisou os autos sem as provas que foram anuladas e determinou uma nova sentença. Ele condenou os cinco réus pelo crime de associação ao tráfico, mas absolveu quatro deles, incluindo Karine e Marcelo, do delito de tráfico internacional de drogas.
De acordo com a sentença, obtida pelo g1, o juiz considerou que Karine ocupava “posição de liderança dentro da estrutura hierárquica do grupo criminoso” e fixou a pena de 4 anos e 8 meses de prisão, em regime inicial semiaberto, além do pagamento de 1.088 dias-multa.
Já o marido dela foi condenado a 4 anos e um mês de reclusão, em regime inicial semiaberto, e o pagamento de 952 dias-multa.
Perda de bens
Segundo a PF, diversas empresas foram usadas para lavar o dinheiro do tráfico de drogas. Desta forma, o juiz Roberto Lemos determinou que dinheiro, joias, veículos e outros bens das empresas e pessoas investigadas fossem confiscados e destinados à União.
“Reputo ter ficado suficientemente comprovado que a maior parte do patrimônio apreendido no curso desta ação foi adquirido diretamente com proventos oriundos do tráfico ilícito de entorpecentes. Por outro lado, verifico que os acusados não lograram êxito em demonstrar a origem lícita dos recursos utilizados na aquisição desses bens”, determinou.
Procurada, a defesa do casal não se manifestou até a publicação desta reportagem.
Outros condenados
Ainda na decisão de Roberto Lemos, outros três homens foram condenados por envolvimento com a quadrilha:
Éder Santos da Silva foi absolvido pelo crime de tráfico internacional de drogas e condenado por associação ao tráfico a 4 anos e um mês de reclusão, em regime inicial fechado, e pagamento de 952 dias-multa;
André Luís Gonçalves foi absolvido pelo crime de tráfico internacional de drogas e condenado por associação ao tráfico a 3 anos e 6 meses de reclusão, em regime inicial aberto, e pagamento de 816 dias-multa;
Pedro Marques Oliveira foi condenado por associação ao tráfico e uma única vez no crime de tráfico internacional de drogas a 12 anos e 8 dias de reclusão, em regime inicial fechado, e o pagamento de 1.745 dias-multa.
Confira como foi a Operação Alba Vírus, deflagrada em agosto de 2019:
Polícia Federal faz operação contra o tráfico internacional de drogas