Quem são as mulheres que sustentam o trabalho de reciclagem no Brasil? A série “A Melhor Mãe do Mundo (Real)”, lançada pela +Galeria, responde a essa pergunta ao retratar a rotina de oito catadoras de materiais recicláveis. São mulheres que, todos os dias, movimentam a economia circular, cuidam de suas famílias e resistem ao apagamento social.
A série foi dirigida por Pedro Bayeux e idealizada por Henrique Leinig, com gravações feitas durante o longa “A Melhor Mãe do Mundo”, de Anna Muylaert. Enquanto o filme traz uma narrativa ficcional sobre o tema, a série dá espaço às vozes reais que inspiraram a obra.
Dividida em oito episódios, a produção mergulha em histórias atravessadas por abandono, preconceito e exclusão. No entanto, revela também força, afeto e esperança. As protagonistas — Fabiana da Silva (in memoriam), Daniele da Silva, Cida Preta, Guiomar dos Santos, Laura da Cruz, Litz Gouvea, Maura Pereira e Alexandra da Silva — mostram como a adversidade pode se transformar em potência.
Apesar de muitas vezes marginalizadas, essas mulheres exercem uma função essencial. Elas ajudam a manter cidades mais limpas e sustentáveis, mesmo sem reconhecimento. Por isso, a série reforça a importância de valorizar e dar visibilidade a essas trabalhadoras.
Segundo o Movimento Nacional de Catadores e a Universidade Federal da Bahia, o Brasil tem cerca de 800 mil catadores em atividade. Destes, 70% são mulheres. Juntas, elas são responsáveis por 90% de todo o material reciclado no país. Mesmo assim, enfrentam precariedade, falta de direitos e invisibilidade.
Histórias que inspiram
O primeiro episódio homenageia Fabiana da Silva, que faleceu antes da estreia. Moradora da Favela do Moinho, em São Paulo, Fabi enfrentou diversas batalhas e deixou um legado de cuidado e solidariedade.
No episódio seguinte, conhecemos Daniele da Silva, que reconstruiu a própria vida após passar pelo sistema prisional. Hoje, ela empreende com sua carroça e gera renda para outras pessoas.
Cida Preta, aos 68 anos, é símbolo de resistência. Formada pela Unicata — universidade criada por e para catadores —, ela também escreve e se inspira em Carolina Maria de Jesus.
Guiomar dos Santos atua como catadora e ativista. Ela luta pelos direitos das mulheres e pelas condições de trabalho de suas colegas, formando redes de apoio.
No quinto episódio, Laura da Cruz compartilha sua trajetória de superação. Mãe, avó e bisavó, ela trabalha com reciclagem há 8 anos em projetos como o Cataki e o Pimp My Carroça.
Litz Gouvea, a “Barbie Lixeira”, começou na reciclagem com seu pai. Hoje, ela compartilha dicas ambientais nas redes sociais e inspira jovens com sua atuação.
Maura Pereira, catadora há 26 anos na Zona Sul de São Paulo, trabalha com dois de seus sete filhos. Sua história é marcada por migração, maternidade e persistência.
Por fim, Alexandra da Silva é mãe, catadora e líder comunitária. Além do trabalho nas ruas, ela luta por políticas públicas e empoderamento feminino.
Reflexão e transformação
“A Melhor Mãe do Mundo (Real)” não apenas documenta. Ela transforma. Ao dar visibilidade a essas histórias, a série convida o público a refletir sobre sustentabilidade, desigualdade e o papel da mulher na sociedade.
Os episódios estão disponíveis gratuitamente no canal da +Galeria no YouTube.
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