Reação do agro ao tarifaço dos EUA mira novos mercados e acordos

Na última segunda-feira (29), o Conselho Superior do Agronegócio (Cosag), da FIESP, promoveu uma reunião estratégica com importantes lideranças do setor e representantes do governo federal, diante do impacto do novo tarifaço de até 50% imposto pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

O encontro contou com a presença dos secretários Guilherme Campos (Política Agrícola) e Luís Rua (Comércio e Relações Internacionais), além de nomes de peso do agro como Roberto Rodrigues, Jacir Costa Filho (presidente do Cosag), Roberto Betancur e lideranças da Associação Rural Brasileira. O principal objetivo: buscar alternativas diante de um cenário externo desafiador, mas que pode se tornar um marco de transformação estratégica para o Brasil.

Impacto imediato e articulação setorial

A medida adotada pelos EUA, com tarifas sobre produtos como suco de laranja, café, fumo, celulose e outros itens do agronegócio brasileiro, representa um forte revés. No entanto, o tom da reunião foi de confiança e proatividade. Segundo os secretários, o governo está empenhado em ampliar mercados e buscar soluções diplomáticas em vez de partir para retaliações.

“Retaliação não resolve. Precisamos negociar com os setores empresariais americanos e continuar vendendo para o mundo”, defendeu um dos participantes.

Abertura de mercados e força dos adidos agrícolas

De acordo com o secretário Luís Rua, o Brasil já abriu cerca de 400 novos mercados internacionais para produtos agrícolas em diferentes regiões, incluindo Ásia, Oriente Médio, África e Europa. O papel dos adidos agrícolas  representantes do Brasil no exterior com foco em comércio  tem sido essencial nesse avanço.

Esses profissionais, frequentemente sozinhos, enfrentam concorrência acirrada de países desenvolvidos, mas têm conseguido resultados relevantes em acordos bilaterais e abertura de oportunidades para os produtores brasileiros.

Geopolítica e papel estratégico do Brasil

O Brasil se posiciona como peça-chave na geopolítica alimentar e energética do século XXI. De um lado, os EUA são concorrentes diretos com grande produção agrícola. De outro, países asiáticos como a China necessitam de parcerias para suprir suas demandas alimentares e energéticas. E a Europa sinaliza avanço no acordo Mercosul-União Europeia.

A avaliação dos participantes é que o país pode aproveitar o momento de pressão para reconfigurar suas relações comerciais e assumir protagonismo estratégico.

Superação e visão de longo prazo

Apesar do impacto do tarifaço não ser resolvido imediatamente  especialmente até 1º de agosto, prazo mencionado por alguns presentes  a visão é de que o agronegócio brasileiro já superou desafios anteriores e tem força para transformar a crise em oportunidade.

A metáfora usada no encerramento do encontro foi emblemática: transformar o “cabo das tormentas”  como Portugal fez na época das Grandes Navegações  em “cabo da boa esperança”.

Tabela: principais produtos afetados pelas tarifas dos EUA

Produto Tarifa imposta Participação nas exportações para os EUA (%) Valor exportado em 2024 (US$ milhões)
Suco de laranja 50% 35% 455
Café 35% 42% 705
Fumo 30% 28% 120
Celulose 25% 31% 680

A mensagem que fica do encontro na FIESP é clara: o Brasil não se dobrará às dificuldades impostas. O agronegócio, apoiado por articulações público-privadas e por uma diplomacia técnica ativa, buscará transformar o incômodo atual em impulso para novos ciclos de crescimento.

A expectativa agora recai sobre a coordenação entre lideranças empresariais do Brasil e dos Estados Unidos, com foco em acordos bilaterais entre setores que possam pressionar os respectivos governos por soluções mais equilibradas e vantajosas para ambos os lados.

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