O domínio da Toyota no mercado de carros híbridos no Brasil chegou ao fim. A montadora japonesa, que por anos liderou o segmento com seus modelos híbridos convencionais — como o Corolla e o Corolla Cross — agora amarga o terceiro lugar nas vendas, atrás das chinesas BYD e GWM. Segundo dados do primeiro semestre de 2025, a Toyota vendeu apenas 8 mil veículos híbridos, contra 13 mil da GWM e impressionantes 23 mil da BYD.
Essa virada de mercado é simbólica. Afinal, a Toyota é considerada pioneira na tecnologia híbrida, com o lançamento do Prius em 1997 e a criação do primeiro híbrido flex do mundo, capaz de funcionar 100% com etanol. Mas, no Brasil, o consumidor está preferindo outra abordagem.
Brasil é exceção global: híbridos plug-in dominam
Enquanto nos EUA os híbridos plug-in (PHEV) representam apenas 17% das vendas de híbridos e, na Europa, 43%, no Brasil eles já somam 75%. Esse cenário favorece as chinesas, que foram as primeiras a popularizar os PHEVs a preços competitivos.
Na prática, um PHEV combina motor a combustão com um motor elétrico potente e bateria grande, o que permite rodar até 100 km só na eletricidade. Eles são ideais para uso urbano, desde que o proprietário tenha acesso a uma tomada para carregamento.
Entre os 10 modelos PHEV mais vendidos no Brasil em 2025, todos são chineses. O campeão de vendas é o BYD Song Pro, que parte de R$ 195 mil — preço inferior ao do Toyota Corolla Cross híbrido convencional, que custa cerca de R$ 220 mil. Já o único plug-in da Toyota, o RAV4 PHEV, custa cerca de R$ 400 mil e vende menos até que os BMW e Porsche plug-in, com preços acima de R$ 780 mil.
HV x PHEV: a diferença que decide o jogo
A Toyota apostava nos híbridos convencionais (HEV), que não precisam de tomada e utilizam uma bateria pequena (em torno de 1 kWh) recarregada pelas frenagens. O motor elétrico serve apenas como auxiliar do motor a combustão, reduzindo o consumo em velocidades baixas.
Já os híbridos plug-in (PHEVs) têm baterias maiores (de até 34 kWh, como no BYD Song Plus) e motores elétricos que são o destaque do conjunto, oferecendo desempenho superior, mas exigindo recarga externa. Isso os torna mais caros, porém mais eficientes no trânsito urbano.
Apesar de a Toyota continuar liderando em mercados como EUA, Japão e Europa, onde a infraestrutura elétrica é mais consolidada, no Brasil o apelo dos PHEVs acessíveis chineses tem sido avassalador.
Reação da Toyota: Yaris Cross híbrido flex
Diante da perda de mercado, a Toyota decidiu apostar no Yaris Cross Hybrid, previsto para chegar ao Brasil em outubro de 2025. O modelo será um SUV compacto com motorização híbrida convencional flex, prometendo ser mais acessível que o Corolla Cross.
O novo Yaris será o primeiro híbrido flex mais barato da Toyota, mirando um público que quer economia sem precisar de tomada para recarregar. A expectativa é que ele custe abaixo de R$ 200 mil, brigando diretamente com modelos como o Fastback Abarth Hybrid e o Pulse Hybrid, da Fiat, que lideram entre os micro-híbridos.
Micro-híbridos: a alternativa mais barata
Além dos HEVs e PHEVs, o mercado brasileiro também tem os micro-híbridos (MHEVs), como os Fiat Pulse e Fastback. Neles, o motor elétrico é pequeno (cerca de 4 cv) e não move o carro sozinho, mas ajuda o motor a combustão em retomadas e arrancadas, melhorando a eficiência.
Esses modelos vendem bem por serem mais baratos e isentos de recarga, embora não ofereçam nenhuma experiência elétrica real. Mesmo assim, somaram 20 mil unidades vendidas no semestre — patamar equivalente ao do Jeep Renegade.
O post Toyota perde liderança dos híbridos no Brasil para chinesas BYD e GWM apareceu primeiro em O Petróleo.