Na última sexta-feira, Nikolas Ferreira, Bruno Engler e Coronel Cláudia se tornaram réus por calúnia e difamação contra o Prefeito Fuad Noman. Durante as eleições municipais de 2024, a extrema direita, ávida por chegar ao poder, disseminou mentiras sobre um romance publicado anos antes pelo prefeito, dizendo que ele incentivava pornografia e pedofilia. Na campanha eleitoral mais sórdida que Belo Horizonte já viu, eles conseguiram misturar fake news, ataque às artes e pânico moral, a fórmula que justamente explica, em partes, a ascensão desses grupos ao poder em todo o mundo.
Os ataques a Fuad vieram não apenas da extrema direita, é preciso dizer, mas também de uma parte minoritária da esquerda que ainda hoje, neste contexto político sombrio, segue tratando adversários do campo democrático como inimigos. Eu vi de perto como o então prefeito enfrentou a violência com dignidade, ergueu sua campanha ao mesmo tempo em que lutava contra um câncer, se encantou com a cidade que passou a conhecer melhor e foi abraçado por ela. Belo Horizonte será para sempre grata à garra desse homem que, contra todos os prognósticos, impediu que a extrema direita chegasse ao poder. Nunca me esqueço da multidão que se concentrou na porta do velório realizado na sede da Prefeitura para se despedir de seu prefeito aos gritos de: “Fuad, guerreiro!”
Tínhamos nossas diferenças políticas e foram muitas as vezes em que me posicionei contra as propostas do Executivo. Ainda assim, nutrimos um respeito mútuo e reconhecemos as pautas de convergência, e a importância do diálogo republicano em prol dos interesses da cidade. E essa é a política que eu acredito. Uma política feita com verdade, com compromisso e com resolutividade. Uma política voltada para as questões reais da cidade, que não se deixa sequestrar pelo debate ideológico.
A população de Belo Horizonte não aguenta mais ver o seu parlamento tomado por propostas de leis inconstitucionais enquanto o busão segue lotado e caro, as enchentes seguem sendo um problema, a falta de moradia afeta as famílias mais pobres, entre tantos outros problemas comuns a uma metrópole, e que precisam de total atenção do poder público.
Torço pela responsabilização dos algozes de Fuad por respeito à memória do ex-prefeito, mas também porque acredito que, se ela vier, será um passo na direção de uma política municipal mais democrática e menos violenta, aberta aos debates necessários para que a pólis, de fato, possa existir.
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