O governador Romeu Zema se reuniu, na tarde desta quarta-feira (30), com empresários e líderes setoriais para debater os impactos da medida anunciada por Donald Trump, que impõe uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, elevando o total para 50%. Em pronunciamento à imprensa, Zema anunciou cinco medidas para mitigar os prejuízos à indústria mineira, entre elas um aporte de R$ 300 milhões destinado a empresas exportadoras que necessitarem de recursos.
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Romeu Zema afirmou que o Governo de Minas “fará tudo o que for possível para que a situação seja amenizada”. No entanto, ele destacou que somente o Governo Federal tem o poder de resolver a questão.
“O Governo Federal, até o momento, praticamente nada fez, a não ser irritar mais, tendo declarações totalmente impróprias”, afirmou.
Para tentar remediar os impactos na economia mineira, o Governo de Minas vai disponibilizar, de imediato, cerca de R$ 200 milhões, com juros subsidiado de 0.9% ao mês, às empresas exportadoras que precisarem de recursos. O valor será disponibilizado via Banco do Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
Outra medida é a monetização de R$ 100 milhões de créditos de ICMS de exportação, que vários exportadores possuem, mas demorariam muito tempo para receber.
“Essa situação tem tido desdobramentos quase que diários. Há poucas horas atrás, o ferro gusa foi excluído [das tarifas]. Talvez na semana que vem o café seja excluído na hora que eles chegarem à conclusão que não existe café no mundo pra atender os Estados Unidos. Então, tudo vai ter alterações nos próximos dias, semanas e meses”, esclareceu
Além disso, estão entre as propostas: a suspensão, por 180 dias, de prazos de condicionantes, relatórios e pagamentos ligados ao meio ambiente; o parcelamento de contas e flexibilização contratual no fornecimento de energia elétrica e gás natural; e a criação de um fundo estadual para apoio à participação em missões internacionais.
O que diz o decreto de Donald Trump
A Ordem Executiva assinado por Donald Trump deixa claro que se trata de uma medida de emergência nacional. No texto, o presidente estadunidense afirma que políticas, práticas e ações recentes do governo do Brasil ameaçam a segurança, a política externa e a economia dos Estados Unidos da América (EUA). Entre os pontos destacados pelo decreto de Trump estão:
- Censura e perseguição política a opositores no Brasil;
- Coerção de empresas americana para censurar conteúdos;
- Ações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que, segundo o documento, violam os direitos humanos e liberdade de expressão.
Trump alega que “autoridades brasileiras também estão perseguindo ex-presidente Jair Bolsonaro”, o que pode, segundo ele, afetar a democracia. O documento ainda menciona medidas como restrições de visto a autoridades brasileiras e familiares.
“Membros do Governo do Brasil também estão perseguindo politicamente um ex-presidente do Brasil, o que está contribuindo para o colapso deliberado do Estado de Direito no Brasil, para a intimidação politicamente motivada naquele país e para abusos dos direitos humanos”, afirma.
O texto também explica que as tarifas podem aumentar caso o Brasil aumente as tarifas sobre as exportações dos EUA. No entanto, as taxas também podem sofrer alteração caso o país “se alinhe suficientemente com os Estados Unidos em questões de segurança nacional, econômicas e de política externa descritas nesta ordem”, explica.
FIEMG debate impactos das tarifas com Geraldo Alckmin
Na última quinta-feira (4), o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), Flávio Roscoe, debateu os impactos das tarifas com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Na ocasião, o presidente da FIEMG destacou que a medida comprometerá seriamente a competitividade de empresas brasileiras. “São empresas altamente competitivas e produtivas, que direcionam até 80% da produção para os EUA. Com a tarifa, muitas dessas operações correm o risco de serem inviabilizadas”, alertou.
Segundo Flávio Roscoe, o vice-presidente demonstrou total entendimento sobre a gravidade do problema. “O governo está trabalhando por duas frentes: buscar a redução da tarifa ou, se isso não for possível de imediato, negociar o adiamento da medida, o que já traria um alívio importante às empresas afetadas”, explicou o presidente da FIEMG.
Rodrigo Pacheco assumirá interlocução com o Governo
O senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) anunciou, nessa terça-feira (29), que assumirá a interlocução com o Governo Federal a respeito dos impactos do tarifaço sobre os setores da economia de Minas Gerais.
Conforme a Agência Senado, Pacheco disse que uma uma comitiva de empresários do setor demonstraram preocupação com o cenário atual que envolve a economia mineira. “Temos que encontrar amparo no governo federal para medidas que sejam mitigadoras, inclusive com perspectivas de novos mercados, para garantir essa produção importante da economia de Minas Gerais”, destacou.
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