O ano de 2025 chega com transformações decisivas no setor de energia solar brasileiro. De alterações na cobrança do temido Fio B à regulamentação do armazenamento com baterias e a definição das novas regras de compensação de energia para 2029, o setor vive um momento crucial. Se você atua com geração distribuída, é fundamental entender como cada uma dessas mudanças pode afetar o seu negócio.
Fio B: a tributação do sol avança para 45%
Criado pela Lei 14.300/2022, o Fio B representa o custo pelo uso da rede elétrica para escoamento da energia gerada por sistemas de geração distribuída. A cobrança começou a ser feita de forma escalonada a partir de 2023 para os projetos classificados como GD2 — ou seja, protocolados após 7 de janeiro de 2023.
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2023: cobrança de 15%
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2024: cobrança de 30%
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2025: cobrança sobe para 45%
Essa tarifa continuará subindo anualmente até alcançar 90% em 2028. Em 2029, entra em vigor um novo modelo de compensação — ainda indefinido.
Importante: o aumento do Fio B atinge todos os sistemas conectados à rede, independentemente da data de entrada em operação. A exceção são projetos protocolados até 7 de janeiro de 2023, que permanecem isentos da cobrança até 2045.
Impacto econômico: energia solar continua valendo a pena?
Mesmo com o avanço da tributação, a energia solar ainda se mostra um excelente investimento no Brasil, especialmente em razão:
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Da contínua alta nas tarifas de energia elétrica
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Da queda de preços dos módulos fotovoltaicos
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Do rápido retorno sobre o investimento (ROI), mesmo considerando a cobrança do Fio B
Esses fatores tornam a energia solar uma das alternativas mais eficientes para reduzir custos com eletricidade no médio e longo prazo.
Encontro de contas: a definição adiada para 2025
A Lei 14.300 previa que, até julho de 2023, o governo apresentasse a metodologia para compensar custos e benefícios da geração distribuída — um processo conhecido como “encontro de contas”. Porém, houve atrasos nas diretrizes do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e, somente em abril de 2024, o estudo foi oficialmente apresentado.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), agora, tem o desafio de definir como será o modelo de compensação da energia injetada na rede a partir de 2029. A expectativa do setor é de que essa definição ocorra até o fim de 2025, sendo essencial para dar previsibilidade às novas instalações.
Marco regulatório do armazenamento: baterias entram em cena
Com o aumento da taxação do Fio B e a perspectiva de menor valorização da energia injetada na rede, o setor de energia solar se volta para a autoconsumo total com armazenamento local, por meio de baterias.
A ANEEL deu início à regulamentação do armazenamento com a Consulta Pública nº 039/2023, dividida em duas fases:
Primeira fase — armazenamento centralizado
Voltado para grandes sistemas conectados diretamente à rede elétrica, como usinas e projetos industriais.
Segunda fase — armazenamento distribuído
Foca em baterias residenciais e comerciais, permitindo maior independência energética e proteção contra novas cobranças da rede.
Com a queda nos preços das baterias e o avanço da tecnologia de sistemas híbridos, a publicação da primeira norma sobre o tema é esperada ainda em 2025.
Inversão de fluxo: o outro fantasma do setor
Outro tema que segue em debate é a inversão de fluxo de potência, responsável por reprovações de projetos junto às distribuidoras. Em 2025, duas frentes podem trazer soluções:
H3: 1. Projeto de lei 624/2023
O PL, atualmente em tramitação no Senado, proíbe distribuidoras de analisarem inversão de fluxo em projetos de microgeração (até 75 kW), impedindo que utilizem esse critério como barreira para conexão.
H3: 2. Marco regulatório do armazenamento
Dependendo de como a regulamentação for implementada, ela pode contribuir para reduzir o impacto da injeção de energia na rede e, consequentemente, minimizar os efeitos da inversão de fluxo.
O que esperar do setor solar em 2025?
Com o aumento do Fio B, o avanço da regulação sobre armazenamento e a iminência do encontro de contas, 2025 será um divisor de águas para o setor de energia solar no Brasil.
Principais pontos de atenção:
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Cobrança do Fio B atinge 45% para sistemas GD2
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Marco regulatório das baterias deve ser finalizado
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Definição do modelo de compensação para 2029 pode ocorrer ainda este ano
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PL 624/2023 pode remover barreiras técnicas para microgeradores
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Energia solar segue competitiva frente à alta das tarifas de energia
O momento exige adaptação
Mais do que nunca, estar informado é fundamental para quem trabalha ou investe em energia solar. A transição do setor para uma nova fase exige planejamento, atualização e, principalmente, flexibilidade para adotar tecnologias como o armazenamento com baterias.
Empresas que souberem se antecipar às mudanças — e ajustar seus modelos de negócios — estarão um passo à frente na corrida por competitividade no mercado de energia limpa.
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