Terceira Metade é um reality do Globoplay
| Foto: Reprodução | Globo
Deborah Secco, com sua presença afetuosa e sem julgamentos, é a apresentadora ideal: ela conduz os episódios com a leveza de quem entende que o foco não está em “causar”, mas em provocar reflexão.Reality superior ao BBBEnquanto realities como o BBB apostam, muitas vezes, em dinâmicas artificiais, reações exageradas e personagens montados para agradar o público, Terceira Metade surpreende por mostrar emoções autênticas, vulnerabilidades reais e conflitos afetivos que fogem do óbvio.Aqui, o drama não vem da disputa por fama ou dinheiro, mas das dores e desejos de pessoas comuns tentando reinventar o amor. E isso, ironicamente, é muito mais potente do que muitas edições inteiras do reality mais assistido do país.
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Claro, é quase impossível imaginar Terceira Metade indo ao ar na TV aberta. Num país ainda tão conservador e moralista, um reality que coloca no centro do debate os limites do afeto e as brechas do desejo provavelmente causaria mais barulho do que o necessário. Mas é justamente por isso que a sua existência no streaming é tão importante — e merece uma segunda temporada com urgência.Poucos produtos na TV brasileira conseguem, hoje, tocar em temas contemporâneos com tanta maturidade. Em vez de criar personagens ou enquadrar comportamentos em moldes estereotipados, Terceira Metade dá espaço para que as próprias pessoas contem suas histórias, errem, recuem, avancem. Isso é raro.A televisão aberta pode ainda não estar pronta para isso, mas o público, sim. E mesmo que Terceira Metade continue confinado ao streaming, seu impacto reverbera. A intenção é falar sobre o que é amor, o que é fidelidade e o que é liberdade afetiva.Um formato como esse é a prova de que há espaço para novas formas de amar, mas também para uma TV que, finalmente, decide ir além para conversar com o moderno.*Luiz Almeida é jornalista e analista de televisão