Tarifaço de Trump poupa produtos da Bahia, mas manga vira preocupação

A apreensão em relação ao tarifaço de 50% a produtos brasileiros nos Estados Unidos deu lugar a um relativo alívio para os exportadores baianos.Ao assinar a ordem de serviço que efetivou a medida, na quarta-feira, 30, o presidente norte-americano, Donald Trump, poupou 694 itens, que não serão atingidos pelo aumento da tarifa, que entra em vigor no dia 6 de agosto.

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Neste grupo, estão papel, celulose, setores químicos e petroquímicos e minérios, produtos que juntos correspondem a aproximadamente metade das exportações da Bahia para os EUA.“O efeito bomba que a gente esperava, porque a pauta ia ser pega quase toda, não aconteceu e a gente viu que setores importantes ficaram fora da taxação, o que dá um certo alívio”, comentou o economista especialista em exportações da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Arthur Souza Cruz.Por outro lado, o setor de alimentos, responsável por 8,1% dos produtos exportados ao país norte-americano será fortemente atingido. Cacau e o café devem sofrer o impacto do tarifaço, mas o que mais preocupa, segundo Arthur, é a manga. A colheita da fruta se inicia em agosto e segue até setembro. A Bahia é responsável por exportar entre 50% a 60% para os Estados Unidos.“A manga já vem sofrendo uma desvalorização grande no mercado interno por conta dessa possível taxação e agora que ela se concretizou, essa desvalorização deve se acentuar. Mas deve encontrar alguma estabilidade em algum médio prazo, que é o tempo justamente que os exportadores vão ter para se reorganizar e juntamente com a ajuda do governo federal procurar mercados alternativos”, projetou o economista.

Arthur Souza Cruz economista especialista em exportações da SEI

|  Foto: Divulgação / SEI

OportunidadesApesar do quadro adverso, o economista da SEI não teme o cenário de terra arrasada. No caso do café, ele acredita que por conta da produção menor do que a oferta, não há problema em redirecionar o mercado, porque há uma demanda muito maior no mundo do que a produção. O mesmo diagnóstico vale para o cacau.“A gente vai ter uma perda de alguns setores, mas que podem ser, daqui há algum tempo, revertido em benefício do próprio consumidor brasileiro. Esses produtos não indo para o mercado internacional, vão ter que ser desovados aqui no mercado interno e isso pode melhorar a inflação, ou seja, é melhor para o consumidor brasileiro, embora não seja tão favorável para o exportador”, explicou.Veja a lista com os principais itens que não serão taxados pelo tarifaço:Castanha-do-BrasilArtigos de aeronaves civis não militaresGases naturais, propano, butano, etileno, propileno, butileno, butadienoAlumínio, silício, óxido de alumínio, potassa cáusticaProdutos químicos, fertilizantes, cera, resíduos petrolíferosMadeira, cortiça aglomerada, polpa química de madeira, polpa de algodão, polpa de fibras vegetais, celuloseTipos de pedras, fibras, crocidolita, amianto, misturas de fricçãoPrata e ouro, na forma de lingote ou doreFerro-gusa, ligas de ferro, ferronióbio, e outros produtos primários de ferro e açoFertilizantes minerais e químicos variadosPrata e ouro (lingote ou dore)Minério de ferro, aglomerado e não aglomeradoSucos de laranja congelados e não congeladosProdutos que serão tarifados:Laranja;Petróleo;Metal;Café;Ferro;Soja;CeluloseTrump assina decreto do tarifaçoO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou, nesta quarta-feira, 30, o decreto que estabelece a sobretaxa de 50% em produtos brasileiros exportados para o país. A medida, que passa a valer a partir de 6 de agosto, é apontada como uma reação ao Judiciário brasileiro.”A medida visa responder às ações do governo brasileiro que, segundo o comunicado, prejudicam empresas americanas, os direitos de liberdade de expressão de cidadãos dos EUA, a política externa e a economia do país”, diz trecho do documento publicado pela Casa Branca.

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