A isenção da taxação extra dada por Donald Trump a quase 700 produtos brasileiros deve chegar a apenas 37% da exportação mineira, ou seja, 63% do volume vai ficar de fora. O levantamento é da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais). Segundo a entidade, o cenário exige cuidado.
O café é um dos principais produtos exportados pela cadeia mineira e ficou de fora da isenção. Na prática, isso significa que a venda do grão para o público estadunidense vai ficar 40% mais cara a partir do dia 7 de agosto. Na data, a tributação dos Estados Unidos para o Brasil vai ser de 50%.
Além do grão, carne bovina, móveis, segmentos têxteis e calçados são outros exemplos de produtos que terão taxa extra.
Dentre os isentos, estão produtos como suco de laranja, alguns tipos de metais, aeronaves e peças de aviação, suco de laranja, petróleo e derivados.
“Em relação aos produtos isentos, os Estados Unidos sabem da importância deles para a economia americana, principalmente por não produzi-los ou cultiva-los. Eles são produtos complementares que a economia americana não consegue produzir”, avalia Verônica Winter, analista de Negócios Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG).
A elevação da taxa sobre o café foi uma surpresa para especialistas, já que o Brasil é o maior produtor mundial do grão.
Veja o volume de exportação do café brasileiro para os principais compradores:
- Estados Unidos: US$ 1,9 bilhão
- Alemanha: US$ 1,02 bilhão
- Itália: US$ 671 milhões
Veja o volume de exportação do café mineiro para os principais compradores:
- Estados Unidos: US$ 955 milhões
- Alemanha: US$ 765 milhões
- Itália: US$ 497 milhões
“Espero que nas próximas semanas possam rever a decisão. No caso de alguns produtos, como o café, acredito que vão entender que os Estados Unidos não têm condições de produzir como o Brasil e vão acabar cedendo. Mas, em termos do atual governo americano, a imprevisibilidade é o que reina”, comenta Verônica Winter.
Impactos
Para as taxas que forem mantidas, a especialista avalia que, a curto prazo, os primeiros impactos podem ser a redução na produção mercadorias e o excesso de estoque. “Para realocar as vendas para outro mercado, dependendo do produto, pode levar algum tempo”, explica.
Na avaliação de Verônica, no caso específico do café, a tentativa de trocar os Estados Unidos por outros compradores é mais prática que para outros produtos industrializados.
“O café é o mesmo vendido para qualquer parte do mundo. Se o produtor já tem autorizações para vender para o mercado exterior, é mais fácil para ele encontrar outros potenciais mercados”, comenta.
Segundo a analista, setores como o da aviação, teriam mais dificuldade se estivessem na mesma situação. “Há alguns tipos de peças e aeronaves que exigem a construção de máquinas específicas para atender ao mercado norte-americano. Então, não seria possível fazer o mesmo produto para outros clientes”, argumenta.
E mesmo com a isenção, a Fiemg avalia que o “tarifaço” de Donald Trump pode impactar a economia brasileira e pede que o governo brasileiro “adote medidas diplomáticas urgentes para mitigar os efeitos negativos sobre os setores excluídos da isenção”.
A Federação também enviou para o Governo de Minas uma lista com cinco sugestões para minimizar os impactos. São elas:
- Alteração do procedimento para solicitação, aprovação e liberação de créditos de ICMS/MG
- Transação tributária emergencial para regularização fiscal de débitos tributários
- Suspensão de prazos de obrigações ambientais
- Parcelamento de contas e flexibilização contratual no fornecimento de energia elétrica e gás natural
- Fundo estadual para apoio à participação em missões internacionais
Nesta quinta-feira (31), a Faemg (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais) emitiu um comunicado manifestando uma preocupação com a taxação, mesmo havendo a isenção para quase 700 produtos. “Medidas dessa natureza podem gerar impactos profundos, como desemprego, desestruturação de cadeias produtivas e perda de competitividade no mercado internacional”, avalia a instituição.
“Minas Gerais, maior produtor de café do Brasil e importante exportador para o mercado norte-americano, foi diretamente afetado: o café não foi incluído na lista de produtos isentos da tarifa adicional imposta pelo presidente Donald Trump. Além do café, carnes e outros produtos também serão impactados”, aponta.
“O Sistema Faemg Senar defende uma solução técnica e diplomática, que preserve a segurança jurídica e a estabilidade comercial, garantindo a continuidade das exportações e a proteção de uma cadeia produtiva que gera milhões de empregos no país. Seguiremos atentos e atuantes em defesa do agro brasileiro”, completou a Faemg.
O post Taxação de Trump: 63% das exportações mineiras ficam de fora da isenção apareceu primeiro em BHAZ.