
Família de jacurutus foi flagrada em Guararema (SP)
Jorge Souza
Químico de formação e pós-graduado na área de tecnologia em gestão ambiental, Jorge Souza começou a se interessar por observar de aves em 2010. De lá para cá, nunca mais parou de clicar a natureza. Uma história que vem de berço. Nascido e criado na roça, o caçula de sete filhos, foi o único dos irmãos a nascer de parteira, como gosta de ressaltar.
“Vim com pressa pro mundo, não deu tempo do meu pai pegar o cavalo pra levar à Santa Casa. Na minha infância sempre trabalhei na roça com meu pai e o contato com a natureza ficou enraizado em mim. O amor e principalmente o respeito pela natureza foi naturalmente brotando em mim”.
As paisagens do Vale do Paraíba, no interior paulista marcaram a vida dele que nunca deixou de apreciar o cheiro de mato e as cantorias das aves. Ao longo dos anos, Jorge teve oportunidade de visitar diferentes biomas: Amazônia, Mata Atlântica, Caatinga, Cerrado e Pantanal.
“Cada espécie registrada é única, mas não posso negar que algumas me trouxeram grandes emoções. O soldadinho-do- araripe endêmico, da Chapada do Araripe, a arara- azul-de-lear, em Euclides da Cunha, o galo-da-serra, em Presidente Figueiredo. Também neste mesmo lugar tive o prazer inenarrável de fotografar a harpia , considerada uma das maiores aves de rapina existentes”, detalha Jorge.
Mas os flagrantes mais recentes, ocorreram em Guararema (SP), numa área de Mata Atlântica cortada por um córrego e rodeada de colinas. Os registros fotográficos da família de jacurutu (Bubo virgianus) foram feitos na estrada municipal Delmiro Pereira de Souza. Coincidência ou destino, essa estrada de terra recebeu o nome do pai do observador, falecido em 2004.
Corujas foram vistas na estrada municipal Delmiro Pereira de Souza, em Guararema
Jorge Souza
“Às vezes quando fico na mata, quieto a ouvir os sons tenho a impressão que às vezes ouço a voz do meu pai. Podem ser coisas da imaginação mas que ele está presente, eu pressinto. O meu pai não teve estudo mas deixou em nós, filhos, grandes teses escritas através do cabo da enxada”, reflete o observador.
A jacurutu tem vários nomes populares como corujão-orelhudo, mocho-orelhudo e joão-curutu. Os indivíduos podem atingir 60 cm de altura e pesar até 2,5 quilos. As fêmeas são maiores do que os machos. Essa é a maior espécie rapinante noturna do Brasil.
No início de maio deste ano, Jorge Souza notou o casal de coruja procurando um local para fazer ninho. Dias depois, ao voltar ao ponto de observação, viu a fêmea no ninho. O fotógrafo da natureza conseguiu fazer flagrantes dos filhotes. Nesta última semna de julho, Jorge esteve na mata e conseguiu observar as duas jacurutus com os pais.
Esse mesmo casal mocho-orelhudo, já tinha se reproduzido em 2024. Na ocasião Jorge fez o registro fotográfico dos filhotes em maio. Eram dois indivíduos e já estavam fora do ninho, pousando nos galhos.
“Este habitat, devido à grande extensão de borda de mata propicia um ambiente que facilita a caçada de suas presas como coelhos, ratos e gambás. Elas conseguem apanhar, capturar morcegos em pleno voo”, relata o observador.
Para o químico que encontrou na observação de aves, um motivo para celebrar a beleza da natureza, a emoção de ver a transformação dos ovos em seres de olhares curiosos, cativantes e atentos, com suas penugens brancas , mostra aos humanos um momento também de aprendizado.
“Nós temos a coruja como a ave que representa a sabedoria. Hoje a todo momento obtemos mais conhecimentos, mais tecnologia. Porém mais distantes da sabedoria das corujas, ficamos” opina Jorge Souza.
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