A oncologia brasileira passa por um avanço importante com a chegada da biópsia líquida — um exame minimamente invasivo que pode revolucionar o diagnóstico precoce de câncer. A técnica, que analisa uma amostra de sangue, é capaz de identificar fragmentos de DNA tumoral e células cancerígenas circulantes mesmo quando exames de imagem, como mamografia ou tomografia, ainda não apontam alterações suspeitas.
“Esse exame dá a possibilidade de ter um resultado precoce antes que o tumor seja clinicamente visível. Para o câncer, tempo é vida”, afirma o oncologista Dr. Ramon Andrade de Mello, professor e pesquisador com atuação internacional. “Quanto mais se atrasa o tratamento oncológico, mais se perde em termos de sobrevida.”
Como funciona a biópsia líquida?
Segundo o médico, a biópsia líquida já se mostra eficaz em diferentes tipos de câncer, incluindo pulmão, mama, próstata e cólon. Isso porque, quando um tumor se desenvolve, fragmentos do material genético ou células tumorais se desprendem da lesão e entram na corrente sanguínea. A partir desses elementos, o exame consegue detectar a presença da doença.
Além disso, essa tecnologia também ajuda a orientar o tratamento de forma mais precisa, especialmente em terapias-alvo e imunoterapia. Com uma taxa de eficácia de cerca de 92%, a biópsia líquida permite monitorar a evolução da doença, identificar mutações genéticas e ajustar as terapias conforme necessário.
Vantagens em casos de risco e suspeitas clínicas
Outro ponto importante é que a biópsia líquida oferece uma alternativa em situações nas quais a biópsia tradicional apresenta riscos elevados. Por exemplo, “acompanhava uma paciente com câncer de mama que desenvolveu uma lesão na coluna. A biópsia convencional colocava em risco sua mobilidade. Usamos a biópsia líquida para confirmar a progressão da doença e iniciar o tratamento sem procedimentos invasivos”, relata Dr. Ramon.
Além disso, o exame é indicado em casos de suspeita de recorrência, avaliação da resposta ao tratamento ou quando exames de imagem não mostram alterações, mas o oncologista mantém alta suspeita clínica.
Um complemento para exames de imagem
Por fim, o Dr. Ramon reforça que a biópsia líquida não substitui os exames tradicionais, mas os complementa de maneira estratégica. “Ela agrega agilidade, segurança e pode antecipar decisões cruciais. A tendência é que esse exame seja cada vez mais utilizado para tornar o diagnóstico e o tratamento oncológico mais personalizados e eficazes.”
Fonte: Dr. Ramon Andrade de Mello, médico oncologista do Centro Médico Paulista High Clinic Brazil (São Paulo), vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, pesquisador e professor com atuação internacional. Instagram: @dr.ramondemello
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