
Polícia faz operação contra influenciadores envolvidos em divulgação do jogo do tigrinho
A influenciadora digital Tainá Sousa, em São Luís, foi presa na última sexta-feira (1º), por em cumprimento a um mandado de prisão preventiva porque ela teria elaborado uma ‘lista de execução’ em que planejava a morte de vários desafetos, segundo a polícia.
Na lista constava o nome de um blogueiro, do deputado estadual Yglesio Moisés, e também do delegado Pedro Adão, que lidera as investigações contra a influenciadora.
Segundo a Polícia, os citados atuam de forma ativa no combate aos jogos ilegais, especialmente o popular “Jogo do Tigrinho”, o que iria contra os planos da influenciadora. Ela foi encaminhada para a Central de Custódia, em São Luís, onde passará por audiência neste sábado (2).
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Quem é Tainá Sousa?
Tainá Sousa é influenciadora em São Luís e apontada como líder de um esquema criminoso
Arquivo pessoal
Tainá tem como nome completo Andressa Taina Lima de Sousa. Ela tem 30 anos e passou a ser conhecida, nos últimos anos, depois de apresentar uma vida de luxo e ostentação nas redes sociais.
A mudança meteórica no ‘status’ aconteceu de forma repentina, seguindo o padrão de outros influenciadores de São Luís que divulgavam nas redes sociais o jogo Fortune Tiger, conhecido como ‘Jogo do Tigrinho’, que é considerado ilegal e já provocou vários prejuízos e até a morte de seguidores.
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Inicialmente, a polícia mirou esforços na Skarlete Melo, uma das pioneiras a fazer fortuna com o jogo ilegal e ostentar os ganhos nas redes sociais. Em setembro de 2023, a polícia realizou uma operação que identificou os ganhos ilegais da influenciadora e, três meses depois, ela chegou a ser presa.
Além de Skarlete, outros influencers também foram acionados pela Polícia Civil. No entanto, isso não intimidou Tainá, que seguia divulgando o jogo nas redes sociais. Em paralelo, a jovem passou a promover a própria imagem em eventos culturais, como o São João, pelo Boi de Nina Rodrigues; também no Carnaval do Rio de Janeiro, pela Mangueira.
Histórico policial
Segundo a polícia, enquanto isso as investigações contra ela seguiam. Dentre as descobertas, os policiais apontaram que Tainá já possuía antecedentes criminais, como vários furtos.
Em um inquérito aberto no 2º Distrito de Polícia Civil do João Paulo, Tainá é acusada de usar um cartão de crédito pertencente a pessoa falecida para, no mesmo dia do óbito, realizar múltiplas compras por meio virtual. Segundo a polícia, no mesmo processo Tainá confessou os crimes e firmou acordo de não persecução penal. O processo, atualmente, está suspenso.
Tainá também responde a outro Inquérito Policial por maus-tratos a animais e incitação ao crime porque teria oferecido bebida alcoolica ao seu cão de estimação. Ela ainda filmou a ação e divulgou nas redes sociais, de acordo com as investigações.
Lavagem de dinheiro
No decorrer das investigações, segundo a polícia, a Polícia Civil conta que Tainá demonstrou ser a líder de um grande esquema criminoso que levantava dinheiro pelo ‘Jogo do Tigrinho’ e depois lavava os valores em investimentos bancários.
No dia 30 de agosto, a Polícia Civil realizou uma operação para cumprir mandados de busca e apreensão contra Tainá e outros quatro influenciadores que fariam parte do grupo criminoso. Na ocasião, Tainá teve a prisão pedida pela Polícia Civil. No entanto, segundo o delegado Pedro Adão, a Justiça concedeu apenas medidas cautelares.
“A Polícia Civil entendeu que seria necessária a prisão da líder do grupo criminoso, porém o poder judiciário concedeu medidas cautelares, que basicamente são: não poder se ausentar do país, entregar o passaporte, bloqueio das redes sociais e não poder acessar as redes sociais”, afirmou o delegado.
Tainá Sousa (à direita) e outros quatro influenciadores foram alvo de operação contra lavagem de dinheiro, em São Luís
g1
Segundo as investigações, o grupo utilizava redes sociais para divulgar o ‘Jogo do Tigrinho’, atraindo vítimas por meio de promessas enganosas de lucros rápidos e elevados. Os seguidores eram estimulados a se cadastrar e depositar valores em plataformas de jogos do tipo caça-níqueis, operadas por indivíduos que contratavam os influenciadores investigados para impulsionar a divulgação.
Além de Tainá Sousa, também foram alvos os influenciadores Maria Angélica, Otávio Filho, Otávio Vitor e Neto Duailibe. Para a polícia, todos usavam suas imagens para promover os jogos e levar as vítimas para um grupo de WhatsApp em nome da Tainá Sousa. O grupo também tinha uma advogada, que era encarregada pela lavagem de dinheiro, segundo a polícia.
“O grupo tinha suas subdivisões. Alguns deles eram responsáveis pela divulgação dos jogos de azar, principalmente no Instagram. Depois, com os valores que conseguiam, eles adquiriam carros de luxo e colocavam em nome de terceiros. Eles repassavam os valores através do sistema bancário para uma laranja, que lavava e pulverizava os valores em investimentos bancários”, declarou o delegado Pedro Adão.
Como parte das medidas judiciais da operação, foi determinado o bloqueio de R$ 11.424.679,00 dos investigados, além do sequestro e apreensão de uma moto aquática e veículos de luxo, incluindo modelos como Range Rover Velar, Range Rover Evoque, BMW e Toyota Hilux.
Tainá, que tinha 127 mil seguidores no Instagram, também teve as redes sociais bloqueadas pela Justiça.
O g1 entrou em contato com os influenciadores citados e aguarda retorno sobre as acusações apontadas pela polícia.