
A confeiteira Cláudia Maria Nicoleti que ganhou um concurso culinário em Senador Amaral (MG) em junho com o morango do amor
Arquivo pessoal
Uma confeiteira de Senador Amaral (MG), cidade com pouco mais de 6 mil habitantes no Sul de Minas, venceu um concurso culinário local com um doce que, semanas depois, se transformou em fenômeno nacional: o “morango do amor”. A receita combina morango, brigadeiro de leite em pó e uma camada cristalizada de açúcar — e tem conquistado o paladar e o coração de brasileiros por todo o país.
Cláudia Maria Nicoleti, moradora há apenas seis meses do município, um dos maiores produtores de morango da região, reivindica a autoria do doce famoso. Ele foi apresentado durante o Festival de Inverno da cidade, no fim de junho, onde ela venceu a disputa e recebeu uma premiação em dinheiro.
O que Cláudia não imaginava é que o sucesso se espalharia tão rápido. Nas redes sociais, o “morango do amor” viralizou e passou a ser reproduzido por confeitarias em todo o Brasil. A explosão nas vendas e a criatividade de outras doceiras deram origem a inúmeras variações: milho do amor, maracujá do amor, kiwi do amor — e até versões salgadas, como torresmo e picanha do amor.
Diante da repercussão, Senador Amaral oficializou o doce como patrimônio cultural imaterial do município.
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Virada de vida com apoio das clientes
Cláudia trabalha com confeitaria há quatro anos. Começou no interior de São Paulo, depois de perder o emprego como faxineira durante a pandemia de Covid-19. Desde então, passou a vender doces de porta em porta e nas ruas. A vitória no concurso e a repercussão do morango com brigadeiro abriram novas possibilidades e reacenderam sonhos.
“Quando ganhei o concurso, vi que era mais um sinal de que estou no caminho certo. A gente esquece de sonhar com o trabalho e agora os sonhos voltaram a renascer”, contou.
Segundo ela, o sabor do morango com brigadeiro já era tradicional na família e muito apreciado pela filha de 10 anos. Foram muitos testes até encontrar o ponto ideal do doce que leva cobertura cristalizada e brilha nos vídeos que circulam pela internet.
“É um doce complicado de fazer, demanda tempo. Na internet tudo é bonito, mas ninguém fala da mão queimada, do dedo quase perdido. Dá trabalho”, brincou.
A confeiteira Cláudia Maria Nicoleti disse que criou o morango do amor para agradar a filha
Arquivo pessoal
Além da versão premiada, Cláudia também vende variações com recheios de beijinho, bicho de pé e maracujá. Ela trabalha sozinha e consegue produzir cerca de 40 unidades por dia, bem abaixo da demanda. Os morangos usados na receita vêm da propriedade do marido, Juliano Rodrigues, produtor rural da região.
Parte importante da trajetória de Cláudia são suas próprias clientes. Foi uma delas que a incentivou a se inscrever no concurso, e outra quem apelidou o doce de “morango do amor”. Até o nome profissional que ela usa nas redes, “Cláudia Bombom”, veio de sugestões recebidas enquanto vendia nas ruas.
“Tudo o que as clientes vão falando eu vou juntando no meu trabalho. São elas que me ajudam a crescer”, afirma.
Agora, com o reconhecimento que ganhou, Cláudia sonha em abrir sua própria doceria e transformar o bom momento em um negócio sólido — sempre com uma pitada de carinho e açúcar.
Confeiteira de Senador Amaral (MG) que ganhou concurso com o morango do amor, tem outras versões do bombom com maracujá, beijinho e bicho de pé
Arquivo pessoal
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