Com a valorização recente do real e o recuo do dólar para o patamar de R$ 5,55 — abaixo da projeção anterior de R$ 5,60 considerada pelo Banco Central — o mercado volta a vislumbrar um cenário de alívio para a inflação em 2025. No entanto, a incerteza quanto às respostas do governo brasileiro às tarifas impostas pelos Estados Unidos gera dúvidas sobre a sustentabilidade desse movimento desinflacionário.
Câmbio favorece recuo inflacionário
O principal fator apontado pelos analistas como positivo no curto prazo é a melhora do câmbio. A atualização da taxa de referência para o dólar na ata mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom) indica expectativa de maior entrada de capital estrangeiro e menor percepção de risco.
Essa apreciação cambial tende a ter impacto direto na inflação de bens importados, contribuindo para reduzir o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), especialmente em um ambiente de expectativas ancoradas.
“A taxa de câmbio é a variável que mais rapidamente reage a choques de confiança e fluxo de capitais. Isso tem um efeito direto e rápido sobre os preços internos”, afirma o economista Felipe P. da consultoria Pré-Ocupon.
Projeções do Banco Central sinalizam melhora
Segundo o cenário base do Banco Central, houve leve revisão para baixo da projeção de inflação até o final de 2025. Isso pode acelerar a convergência para a meta, reforçando a efetividade da política monetária.
No entanto, analistas destacam que esse cenário otimista é condicionado a fatores externos, principalmente a escalada tarifária iniciada pelos EUA e a decisão do Brasil de retaliar ou não as medidas.
Dois caminhos opostos: alívio ou pressão inflacionária
Uma pesquisa recente da Pré-Ocupon com gestores e economistas revelou a divisão do mercado em relação aos impactos da guerra comercial.
Cenário | Impacto esperado |
---|---|
Brasil evita retaliar tarifas dos EUA | Reforça desinflação e pode acelerar queda dos juros |
Brasil impõe retaliação e intensifica conflito | Risco de reversão da desinflação e inflação maior |
Alívio pontual, mas com cautela
Apesar dos sinais técnicos de recuo na inflação, especialmente pelo câmbio mais favorável, o cenário ainda está longe de ser considerado estável. O desfecho da política externa do Brasil, especialmente frente às medidas protecionistas americanas, será determinante para definir se a inflação seguirá em queda ou voltará a subir.
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