
Intervenções urbanas desordenadas interferem na paisagem do Sítio Histórico de Olinda
Um estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) apontou que o Sítio Histórico de Olinda vem perdendo vegetação ao longo dos anos (veja vídeo acima). Entre as causas, estão reformas irregulares de imóveis e construções não autorizadas de casas na área, que tem o conjunto arquiteônico, urbanístico e paisagístico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 1968.
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As modificações do Sítio Histórico de Olinda, declarado Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), são pesquisadas por Natália Vieira-de-Araújo e Juliana Barreto, professoras do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPE. As especialistas coordenam uma análise da integridade do solo e da vegetação numa área de 1,4 quilômetros quadrados.
Ocupação desordenada das encostas do Sítio Histórico de Olinda
Reprodução/TV Globo
Por meio da pesquisa, são levantados dados precisos que podem ser utilizados para elaborar, futuramente, normas de preservação do Sítio Histórico de Olinda. Segundo Juliana Barreto, a região tem recebido intervenções sem levar em consideração a classificação do espaço como área de preservação.
“Olinda tem uma situação específica, que é exatamente o processo de ocupação do território. […] Ao mesmo tempo que precisa ser cuidada, a gente enfrenta também, cotidianamente, o processo de ocupação desordenada. Muitas vezes, o aumento de área construída, sem um respaldo técnico e, sobretudo, formal das instituições de proteção, leva, cada vez mais, à fragilidade nessa estabilidade das colinas históricas”, disse Juliana.
A pesquisadora informou, ainda, que as encostas de Olinda têm sofrido cortes e aterros de forma desenfreada. Além disso, serviços de infraestrutura, como manutenção de vias ou instalação de sistemas de abastecimento de água, não respeitam as especificidades de patrimônio histórico da área.
A partir do diagnóstico do ambiente feito pelas pesquisadoras, fica o alerta para a ocupação das encostas, em especial das mais íngremes, que correm risco de instabilidade. Além disso, o aumento das construções afeta a cobertura vegetal.
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O estudo da UFPE apontou que as áreas verdes no contorno das igrejas estão mais preservadas que as demais. O levantamento foi apresentado ao Iphan, à prefeitura de Olinda e ao governo de Pernambuco. As análises das pesquisadoras devem seguir até 2026. O objetivo é ajudar as gestões na elaboração de intervenções adequadas para o Sítio Histórico.
“A importância dessa articulação da preservação pelo Iphan e pela prefeitura é algo que precisa se buscar nessa atenção com a preservação do Sítio Histórico de Olinda. Tem que ter uma gestão compartilhada, é o que a gente está buscando valorizar nesse trabalho, nessa pesquisa”, disse a pesquisadora Natália Vieira-de-Araújo.
Problemas recorrentes
Buracos são recorrentes nas ladeiras do Sítio Histórico de Olinda
Reprodução/TV Globo
Em Olinda, é possível encontrar buracos nas ladeiras e ruas do Sítio Histórico, que dificultam a passagem de veículos. Uma das moradoras da área, a advogada Ana Patrícia contou que o problema é recorrente.
“Em média, duas vezes por ano a gente fica com a ladeira interditada. […] Todos os serviços são somente ‘armação’, vem um pessoal, coloca uma areia, um cimento e vai embora. […] Perto do carnaval, eles consertam. Aí passa o carnaval, quando vem a chuva, acaba com tudo”, afirmou.
O que diz a prefeitura
Por meio de nota, a prefeitura de Olinda informou que “realiza intervenções nas vias do Sítio Histórico com a devida precaução para preservar as características originais do calçamento”. Já em relação aos cuidados com a vegetação, a gestão municipal lembrou que o desmatamento é proibido na área tombada e, caso aconteça, pode gerar responsabilização legal.
Como denunciar
A população pode colaborar com a preservação do patrimônio histórico e ambiental em Olinda denunciando irregularidades à Ouvidoria Municipal, através do número (81) 98915-4077.
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