
O presidente dos EUA, Donald Trump, gesticula após assinar lei conhecida como “One Big Beautiful Bill Act”, na Casa Branca, em Washington, D.C., EUA, em 4 de julho de 2025
Reuters/Leah Millis/Foto de arquivo
O presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou nesta quinta-feira (7) que seu governo comece a trabalhar em um novo Censo do país. A contagem não vai considerar imigrantes que estão nos Estados Unidos “ilegalmente”.
Nos EUA, o Censo é usado para diversos fins, inclusive para distribuir o número de cadeiras no Congresso ente os diferentes Estados — cada Estado define o desenho dos distritos eleitorais a que tem direito.
A ferramenta também é usada para definir quantos delegados cada Estado tem direito a colocar no Colégio Eleitoral que elege o presidente do país.
Os EUA realizam a populacional a cada 10 anos e o próximo está previsto para 2030.
Durante o seu primeiro mandato, de 2017 a 2021, Trump tentou incluir uma pergunta sobre cidadania no censo de 2020, mas foi impedido pela Suprema Corte.
Agora, Trump volta a intervir, ciente de que uma mudança na contagem oficial poderia transformar o Congresso, o colégio eleitoral e as políticas públicas.
“Instruí o nosso Departamento de Comércio a começar imediatamente o trabalho em um novo censo altamente preciso, baseado em fatos e números atuais e, o que é importante, usando os resultados e as informações obtidas nas eleições presidenciais de 2024”, anunciou o mandatário republicano nesta quinta-feira em sua plataforma, Truth Social. “As pessoas que se encontram ilegalmente em nosso país NÃO SERÃO CONTADAS NO CENSO”, acrescentou, usando letras maiúsculas.
Em meio à desaceleração demográfica, a população de imigrantes aumentou em 1,6 milhão de pessoas entre 2022 e 2023, muitas delas de origem latino-americana, segundo o Instituto de Políticas Migratórias (MPI, na sigla em inglês), com sede em Washington.
Em 2023, 47,8 milhões de migrantes moravam nos Estados Unidos, segundo dados do escritório do censo. Deste número, quase 75% “estavam no país legalmente como cidadãos naturalizados, residentes permanentes legais”, ou seja, detentores do ‘green card’, ou com “vistos temporários”, especifica o MPI.
Segundo o Pew Research Center, se os migrantes em situação irregular tivessem sido eliminados do censo, vários estados teriam sido privados de uma cadeira no Congresso em 2020, como a Califórnia.
Disputa no Texas
O anúncio de Trump ocorre no momento em que os republicanos tentam modificar o mapa eleitoral no Texas para obter até cinco cadeiras a mais nas eleições parlamentares de 2026.
Com o objetivo de impedir a votação, dezenas de congressistas democratas fugiram do estado. Os republicanos do Texas ameaçaram prendê-los.