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Voz e sexualidade femininaAo falar sobre a motivação de suas obras, Tatiana destaca a importância de abordar a sexualidade sob a perspectiva feminina. “Eu acho que a mulher precisava ter voz e entender a sexualidade dela. Era injusto largarmos nas mãos de um homem uma coisa que é nossa, do nosso corpo. Então comecei a escrever pensando sempre na necessidade da mulher se entender e se conhecer.”Ela ressalta que ainda há resistência ao tema. “Essa é uma ideia que a gente luta contra até hoje, porque vem de uma sociedade muito machista e não deveria ser dessa forma. Escrever pela visão da mulher é dar voz e derrubar um muro que ainda está na nossa frente.”A autora conta que recebe retornos diretos das leitoras. “Tenho muitas que dizem que certa coisa que tratei no livro elas nunca tinham vivido, mas que agora querem se permitir viver. É muito bom saber que você está libertando pessoas e fazendo-as entender que aquilo é permitido.”Mesmo com o crescimento, Tatiana acredita que o romance erótico ainda enfrenta preconceito. “Existe o preconceito, mas agora chegamos num ponto em que não tem mais como impedir o crescimento do gênero. As mulheres não querem ser caladas, não querem ser silenciadas.”Para ela, essa mudança é definitiva. “As mulheres não querem que ninguém diga onde precisam estar. Acredito que já chegou num ponto que não tem mais volta.”Do livro para as telasTatiana também revelou o desejo de ver suas obras adaptadas para o audiovisual. “Penso muito nos meus livros como série, porque seria uma forma de colocar muito mais do que tem dentro do livro. Quando adapta para filme, você corta coisas importantes da história.”Segundo a autora, o formato seriado pode atrair públicos diferentes. “Existe o público do cinema e o público do livro, mas quando transforma em série, você consegue pegar esses dois mundos.”Moradora de Salvador, Tatiana reforça a importância de estar na Flipelô, que neste ano, homenageia o dramaturgo Dias Gomes. “Eu tenho muito orgulho de participar de qualquer coisa relacionada à literatura aqui em Salvador. Quando comecei, não existia reconhecimento na cidade. Fiz sucesso fora da Bahia primeiro e, quando chegava aqui, o público era pequeno.”Ela lembra com carinho do convite para a festa literária. “Achei mágico. Finalmente quero que o pessoal daqui me conheça, quero estar com meu povo. É o segundo ano que participo da Flipelô e tenho muito orgulho de estar aqui dentro da minha terrinha mostrando o que estou fazendo para o Brasil e para o mundo.”*Sob supervisão de Bianca Carneiro