Lucro da Engie Brasil cai 34% no 2º tri e dividendos frustram

A Engie Brasil divulgou seu resultado do segundo trimestre de 2025, revelando um cenário desafiador: lucro líquido ajustado 34% menor em relação ao mesmo período de 2024, aumento do endividamento e proventos abaixo das expectativas.

A receita operacional líquida somou R$ 3,1 bilhões, crescimento de 10% no comparativo anual, impulsionada principalmente pelo segmento de transmissão, que já representa 24% do faturamento. Porém, o setor de geração — responsável por 76% da receita — sofreu com cortes de 14% na produção, devido a restrições no escoamento de energia no Nordeste, afetando eólicas e solares.

Desempenho financeiro — 2º trimestre de 2025

Indicador 2T25 2T24 Variação
Receita líquida R$ 3,1 bi R$ 2,82 bi +10%
Lucro líquido ajustado -34%
Dívida líquida R$ 21,5 bi R$ 20,9 bi +2,8%
Alavancagem (Dívida Líquida/Ebitda) 2,9x 2,0x +45%
Dividendos por ação R$ 0,88

O endividamento total atingiu R$ 27,6 bilhões, com alavancagem de 2,9x Ebitda, nível considerado elevado, mas ainda administrável devido à forte geração de caixa e vencimentos distribuídos (cerca de R$ 2 bilhões ao ano até 2030).

A Engie Brasil mantém um robusto portfólio de investimentos:

  • Aquisição de hidrelétricas no Amapá e Pará por R$ 2,9 bilhões, com concessões até 2045 e 2048.

  • Projetos eólicos e solares somando mais de R$ 9 bilhões em investimentos, grande parte já em operação ou em fase final de testes.

  • Novas linhas de transmissão com previsão de geração adicional de R$ 600 milhões por ano a partir de 2028-2029, corrigidos pelo IPCA.

Dividendos abaixo do esperado

A companhia anunciou R$ 0,88 por ação em proventos, correspondendo a um dividend yield de apenas 2,2% sobre a cotação atual, com payout mantido em 55% do lucro. Analistas projetam que, no acumulado do ano, a remuneração aos acionistas ficará abaixo de 5%, patamar considerado modesto para o setor.

No curto prazo, a Engie Brasil enfrenta pressão sobre margens e retorno sobre patrimônio (ROE caiu para 23,1%), além de impactos de cortes na geração e do custo da dívida em cenário de juros altos.

Entretanto, no médio e longo prazo, a entrega de novos projetos, a diversificação em transmissão e gás, e a possível incorporação de ativos relevantes da controladora podem impulsionar receita, caixa e dividendos, com projeção de dividend yield próximo a 10% após a fase de investimentos.

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