Registro patente marca novo capítulo da inovação nas escolas da Bahia

A Bahia registrou o primeiro depósito de patente em cotitularidade entre uma escola da rede estadual e uma universidade pública. Reconhecida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a patente é resultado da parceria entre o Centro Territorial de Educação Profissional (Cetep) de Araci e a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). A iniciativa está alinhada com a nova Lei da Educação Científica, chamada PopCiência Bahia, que incentiva a pesquisa desde a educação básica. A política é coordenada pelas Secretarias de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e da Educação (SEC).O projeto, intitulado “Bioplástico Biodegradável com Resistência Térmica à Base de Agave sisalana”, foi desenvolvido pelas ex-estudantes do Cetep Sarah Moura e Isabel Oliveira, sob orientação da professora Pachiele da Silva, utilizando matérias-primas renováveis, com base no sisal, planta típica do semiárido baiano. O material apresenta resistência térmica e foi pensado como alternativa ao uso de plásticos convencionais derivados do petróleo. A pesquisa contou com o apoio dos pesquisadores Carine Tondo Alves e Luciano Hocevar, do Programa de Pós-Graduação em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação (Profnit/UFRB).A solicitação da patente, a requisição oficial de reconhecimento da autoria do projeto, foi viabilizada por meio de uma articulação entre SEC, Secti, UFRB, Cetep de Araci e o INPI. A iniciativa é exemplo do que prevê a Lei da Educação Científica, que estabelece o estímulo à ciência em todas as regiões do estado, com foco na juventude, na inclusão e na valorização dos saberes locais. Ela prevê ações estruturantes para que ideias nascidas em sala de aula possam ser protegidas, desenvolvidas e aplicadas com impacto real na vida das pessoas.A secretária estadual de Educação, Rowenna Brito, comemora o avanço que a iniciativa representa e reforça a importância do fomento à produção científica nas escolas. “A Bahia é um grande exemplo de como o incentivo à ciência pode não só transformar a vida dos estudantes, mas também contribuir com a melhoria de questões de interesse de toda a sociedade, a exemplo do projeto das ex-alunas do Cetep Araci”.Para a gestora, ampliar o número de projetos com registro de patente e promover o protagonismo dos estudantes na apresentação de soluções para os problemas cotidianos servem como estímulo para o desenvolvimento da educação científica.MarcoA reitora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), Georgina Gonçalves, destaca a importância do feito para o avanço da inovação educacional no Estado. “A realização do primeiro depósito de patente em cotitularidade entre a UFRB e o Cetep de Araci representa um marco inédito na história da inovação educacional na Bahia”, aponta. “Esta conquista evidencia a força transformadora da colaboração entre universidade e escola pública, ampliando o alcance do conhecimento científico e promovendo inovações com impacto direto na sociedade. A inovação protegida fortalece a formação científica de estudantes e contribui para um desenvolvimento social mais justo, inclusivo e conectado às demandas dos territórios.”

Leia Também:

Secti lança Agência de Inovação no Bahia Oil & Gas Energy

Secti lança Ciclo de Conexões para debater pesquisas e aplicabilidades na Bahia

Secti se reestrutura e encurta distância entre pesquisadores e empresas

Para a professora Pachiele da Silva, orientadora do projeto de Sarah e Isabel, o resultado é fruto da colaboração entre diferentes instituições e do estímulo à pesquisa no ambiente escolar. “A Secti teve papel fundamental ao fortalecer a cultura de inovação nas escolas públicas, promovendo políticas que valorizam a pesquisa e a proteção do conhecimento”, avalia. “A mentoria técnica do INPI foi essencial para orientar a proteção intelectual da tecnologia desenvolvida. A SEC incentivou práticas de pesquisa científica no Ensino Básico e fomentou ambientes de inovação como os Centros Territoriais de Educação Profissional. A UFRB garantiu suporte acadêmico, técnico e ético ao longo de todo o processo.”

|  Foto: Arquivo Pessoal

Segundo Sarah, o depósito da patente representa a valorização de ideias que antes pareciam distantes da realidade dos estudantes da rede pública. “A emoção é muito grande, porque a gente costuma ver a questão de patente apenas em universidades, em doutorados”, ressalta. “Conseguir isso vindo do Ensino Médio de uma escola pública é motivo de muito orgulho para a gente. Conseguimos compreender que os projetos realmente vão muito além dos muros escolares. Ter esta patente como forma de proteger nossas ideias e entender que isso ultrapassa os limites da escola são questões que nos enchem de gratidão.”Investimento para inovação, clubes de ciências e laboratóriosUma das estratégias para ampliar o incentivo à inovação nas escolas baianas é o Edital Clubes de Ciência, lançado pela Secti, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). A chamada pública, que tem o investimento de R$ 8 milhões para concessão de bolsas e fomento à pesquisa escolar, vai selecionar 400 professores para coordenar os Clubes de Ciências em escolas da rede estadual.A partir dos clubes, coordenados pela SEC, será implantada a Trilha da Inovação. Executada pela Secti, com apoio de instituições como o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Sebrae, Sesi e outras, a trilha será dividida em quatro etapas: cultura de patente, incubação, aceleração e valorização das criações, conectando a produção estudantil à aplicação prática e ao empreendedorismo.O secretário da Secti, André Joazeiro, reforça que o registro da patente simboliza o protagonismo de uma nova geração de jovens cientistas nos colégios públicos da Bahia. “Sob a liderança da secretária Rowenna, as escolas públicas baianas têm demonstrado um enorme potencial de inovação”, afirma. “Projetos como este evidenciam que nossos estudantes estão prontos para produzir conhecimento, desenvolver tecnologias e transformar suas realidades. A Trilha de Inovação foi criada justamente para apoiar iniciativas como esta, oferecendo suporte técnico e estratégico desde a pesquisa até a proteção da propriedade intelectual. A cultura do registro de patentes é uma prioridade nossa, que já começa a ser disseminada na escola.”Para apoiar essas iniciativas, a rede pública estadual também passa a contar com novos espaços para estimular a pesquisa e a inovação. Ao todo, serão 270 laboratórios maker implantados em escolas da Bahia. Destes, 180 são fruto do Programa Mais Ciência na Escola, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que além da infraestrutura prevê a formação de professores, realização de feiras e olimpíadas científicas e a presença de pesquisadores em sala de aula. Outros 90, com foco em audiovisual e games, estão sendo viabilizados com recursos da Secti e por meio de emendas parlamentares.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.