Armandinho e Eric Assmar lançam álbum e celebram a guitarra baiana

Se você estava no Cineteatro 2 de Julho na noite de quinta-feira, dia 21 de novembro de 2024, testemunhou um momento histórico. Naquela ocasião, a gravação do disco Assmar & Osmar registrou para a posteridade uma parceria que vem rendendo momentos de puro êxtase para os fãs da guitarra em eventos como o Oxe é Jazz, dentre outros.Em tais eventos, a virtuose de Armandinho Macedo e de Eric Assmar, dois dos gênios da guitarra brasileira que a Bahia presenteou ao mundo, trazem para os sortudos presentes um encontro de gerações da nossa música que não somente ecoa em talentos que seguem em uma estrada para o futuro, mas que, também, sabem louvar e consagrar aqueles que ajudaram a pavimentá-la.O nome do disco que registra esse momento, claro, faz uma alusão aos pais desses dois talentos, afinal, na memória e trajetória de Álvaro Assmar e de Osmar Macedo estão boa parte da construção dessa citada estrada musical.Trata-se, também, de uma das faixas do álbum, que, em entrevista ao A TARDE por ocasião da gravação do disco, Eric definiu como “um frevo que traz elementos da estrutura do blues e o slide guitar, uma técnica que uso bastante e que teve meu pai como minha maior inspiração”, explica Eric Assmar.“Essa canção é um pensamento meu de como seria um encontro musical de Álvaro Assmar e de Osmar Macedo”, crava o jovem guitarrista.

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Pais Álvaro e OsmarAinda como homenagem a Álvaro Assmar, o álbum ao vivo de Eric e Armandinho traz uma releitura de um clássico do saudoso guitarrista. Trata-se de Samba Reggae Blues, faixa gravada no primeiro disco solo do músico, que faleceu em 2018. Representando um uníssono de influências entre o filho de Osmar Macedo e Eric, a gravação dessa releitura da canção surgiu nos planos do jovem Assmar desde o primeiro momento dessa parceria, que começou no citado Oxe é Jazz, festival que tem curadoria de Eric.“A partir do convite que eu fiz para ele, nós concebemos um show juntando os dois universos. Criando uma fusão, uma união de gerações dentro do universo da guitarra. O Samba Reggae Blues veio como uma ideia muito natural que eu tive, justamente por saber que era uma canção que tinha essa proposta de fundir a música da Bahia com a música do mundo. De fundir o samba reggae com o blues”, explana Eric.A música, com seus elementos rítmicos a associar diferentes estilos, para Eric, traz uma referência a um trabalho anterior de Armandinho, no caso, o grupo A Cor do Som. “Ele gostou muito da ideia. Samba Reggae Blues é uma canção instrumental que tem muito aquela coisa rítmica brasileira. Isso está muito presente no fraseado da guitarra. Armandinho fez uma alusão a isso no seu trabalho com A Cor do Som. Meu pai não chegou a dizer isso pra mim textualmente, mas eu vejo uma influência implícita do trabalho instrumental d’A Cor do Som nessa música. Álvaro era um grande fã d’A Cor do Som, então acho que é muito viável e coerente essa associação. O próprio Armandinho foi quem apontou pra isso e eu acho que faz todo o sentido”, carimba EricVálido citar que o disco também traz uma versão novinha em folha de um dos clássicos de Armandinho & O Trio Elétrico Dodô & Osmar, Rock de Caicó, clássico de 1983.Releituras

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Com oito faixas no total, sendo duas inéditas e seis releituras de pilares, Assmar & Osmar é um disco que tem nessas homenagens a clássicos uma consonância entre duas carreiras distintas, mas que encontram referências em comum nas suas construções.Assim, ao escutarmos versões de Something, dos Beatles; Hotel California, dos Eagles; Smooth, de Carlos Santana, e Little Wing, de Jimi Hendrix, é perceptível como a escolha desse repertório passou por influências mútuas para os dois guitarristas.“São clássicos que têm uma importância histórica e uma influência na minha formação e na de Armandinho que são muito grandes. Canções que, justamente por terem essa relação com a nossa memória afetiva e com a nossa formação, já estão incorporadas à nossa maneira de fazer música. Já temos intimidade com as formas e com as estruturas dessas canções”, pontua Eric, salientando que as versões carregam muito das marcas sua e de Armandinho.“Usamos de uma espécie de licença poética para poder interpretá-las ao nosso modo, introduzindo as nossas improvisações. Mas, claro, elas não estão desconstruídas em relação aos seus arranjos originais. Porém, tem ali a improvisação instrumental das duas guitarras, o bate-bola, o diálogo entre os instrumentos como sendo o nosso ingrediente a ser acrescentado a essas músicas”, destaca Eric.Produção minuciosa

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Com uma banda já azeitada, a espontaneidade dos músicos serviu como um modo de destacar ainda mais a comunhão das guitarras de Eric e Armandinho. “Essa banda, com Cássio Brasil na bateria, Ícaro Brito na guitarra e Rafael Zumaeta no baixo, foi exatamente a primeira que fez esse show comigo e Armadinho lá em julho de 2023. São caras que gostam desse tipo de repertório e que já têm uma convivência musical comigo. No caso do Cássio, também com Armadinho, pois ele é baterista do trio elétrico Armadinho, Dodô & Osmar. Então, já tem uma sintonia muito forte com a música e com a pessoa de Armando”, comenta Eric.Voltado ao inicio desse texto, quando foi destacado o presenciar de um momento histórico nas duas apresentações no Cineteatro 2 de Julho, uma das buscas de Eric Assmar na função de produtor do disco que se originaria dos shows daquela noite, era traduzir para o álbum a energia daquele encontro. No papo com o A TARDE, o músico comentou esse processo. “Assmar & Osmar foi gravado pelo Ronaldo Moura e mixado e masterizado pelo Matheus Carvalho. Eu e Matheus sentamos com essas canções, mas é aquela constatação típica de álbum ao vivo quando você toca blues, quando você toca alguma música de improvisação, como é o caso desse trabalho nosso: não existe melhor ou pior versão. Cada versão tem o seu sabor. Cada versão tem seu momento. É o raio X de uma sensação de um momento”, descreve o guitarrista, pontuando a necessidade de um olhar e de uma audição apurada.“Coube a nós identificarmos o que soou melhor para aquele todo do álbum, que é uma mescla de versões dos dois shows. Algumas versões prevaleceram do primeiro, e outras, do segundo show. Em termos de sonoridade, as músicas estão com uma cara bem homogênea e com esse espírito do live, do ao vivo. Foi isso que a gente quis preservar pensando nessa ideia da improvisação. Esse é o fio condutor básico de tudo isso que tocamos nesse show que, agora com o disco lançado, vamos começar a divulgar em shows pelo Brasil, com o primeiro em Brasília (N.E.: o show na capital federal aconteceu ontem). Depois vamos tocar em São Paulo e em Taubaté. Pretendemos circular em alguns festivais promovendo esse trabalho”, finaliza Eric.Assmar & Osmar / Armandinho Macedo & Eric Assmar / Mills Records / Disponível nas principais plataformas digitais

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