Não me entrego viva, só saio no caixão
Mas a trajetória de Eweline até o topo da criminalidade carioca teve início longe do Rio de Janeiro. Nascida na cidade de Tubarão, em Santa Catarina, ela vivia uma rotina marcada por violência doméstica. Em 2022, sobreviveu a uma tentativa de feminicídio cometida pelo ex-companheiro, após sete anos de agressões relatadas por ela própria nas redes sociais. O ataque quase lhe custou a vida: um grave ferimento no pulmão exigiu cirurgia e uma longa recuperação.Foi após esse episódio que Eweline se mudou para o Rio e passou a integrar o Comando Vermelho, assumindo funções no tráfico da comunidade Gardênia Azul, na Zona Oeste da capital. De acordo com fontes da Polícia carioca ligadas ao Portal A TARDE, foi nesse período que ela passou a ganhar visibilidade dentro da facção. Nas redes sociais, começou a ostentar armas de grosso calibre, desafiar forças de segurança e divulgar sua nova vida no crime.
Eweline Passos Rodrigues, de 28 anos
| Foto: Reprodução / Redes Sociais
Rompeu com o CV e foi jurada de morteA notoriedade de “Diaba Loira” cresceu ainda mais após ela romper com o Comando Vermelho e se aliar ao Terceiro Comando Puro (TCP), rival histórico da antiga facção. A migração teria ocorrido após um racha interno e a aproximação com a Tropa do Coelhão, grupo liderado por William Yvens Silva, no Complexo da Serrinha, em Madureira, Zona Norte. A mudança a colocou na mira de antigos aliados, que juraram vingança.
Eweline rompeu com o Comando Vermelho para se aliar ao Terceiro Comando Puro (TCP)
| Foto: Reprodução / Redes Sociais
Essa tensão ficou evidente após um confronto armado ocorrido na comunidade do Bateau Mouche, na Praça Seca, no último dia 10 de julho. O tiroteio entre facções terminou com três integrantes do TCP mortos, aumentando ainda mais o cerco sobre Eweline.Mandados em aberto e vida nas redes sociaisApesar de foragida, a “Diaba Loira” continuava ativa virtualmente. Ela apagou publicações ligadas ao Comando Vermelho e passou a usar seus perfis para reafirmar a lealdade ao novo grupo. Além disso, chegou a promover cassinos online e feito ataques diretos a rivais, mantendo um padrão de exposição pública incomum para pessoas em fuga.
Apesar de estar foragida, a “Diaba Loira” continua ativa virtualmente
| Foto: Reprodução / Redes Sociais
Contra ela pesavam ao menos três mandados de prisão, dois expedidos pela Justiça de Santa Catarina, por tráfico de drogas, organização criminosa e violação de medidas judiciais. Eweline também respondia por rompimento de tornozeleira eletrônica e, em 2023, foi presa transportando sete quilos de cocaína.A Polícia Civil do Rio de Janeiro incluiu seu nome na lista dos criminosos mais procurados do estado, e o Disque Denúncia divulgou um cartaz pedindo informações sobre sua localização. Apesar de ser alvo da polícia e de rivais armados, a traficante seguia desafiando o sistema de forma escancarada. Em uma de suas últimas publicações, ela acusou o Comando Vermelho de ser responsável pela morte da própria mãe, o que intensifica o tom pessoal da disputa.Considerada de altíssima periculosidade pelas forças de segurança, a “Diaba Loira” tornou-se símbolo de um novo perfil no crime: mais midiático, provocador e conectado às redes sociais — mesmo diante de ameaças, da perseguição implacável da polícia e da guerra entre facções que consome as ruas do Rio.