A Cemig (CMIG4/CMIG3) entrou no segundo semestre de 2025 com resultados operacionais sólidos, mas com números IFRS mais fracos em relação ao ano anterior. Isso se deve ao desempenho extraordinário de 2024, impulsionado pela venda da participação na Aliança Energia — evento não recorrente que elevou o lucro e os dividendos acima da média histórica. Agora, o investidor precisa entender o que é estrutural e o que foi pontual, para projetar de forma realista os pagamentos futuros.
Resultado do 2T25: crescimento operacional, queda no lucro IFRS
O EBITDA ajustado consolidado avançou na comparação com 2024, sinalizando evolução do núcleo do negócio. No entanto, pelas métricas IFRS, houve retração no EBITDA e no lucro líquido, efeito direto da base de comparação elevada. Essa leitura reforça que o desempenho recente é consistente, mas sem a “supercarga” de ganhos não recorrentes.
Reajuste tarifário: impulso para a receita
Desde 28 de maio de 2025, entrou em vigor um reajuste tarifário médio de quase 8%, com variações para baixa e alta tensão. Essa atualização fortalece a receita da Cemig Distribuição e ajuda a recompor margens pressionadas nos últimos trimestres.
Alavancagem e investimentos: aceleração controlada
A alavancagem segue saudável, abaixo de 2 vezes Dívida Líquida/EBITDA ajustado. O primeiro semestre de 2025 registrou R$ 2,8 bilhões em investimentos, 12,6% acima do mesmo período de 2024, com foco em distribuição e crescimento no braço de transmissão. Parte desse avanço foi financiado por novas emissões de dívida, estratégia que amplia a capacidade de execução sem comprometer a solidez financeira.
Impacto do fim dos ganhos extraordinários
O resultado recorde de 2024 foi beneficiado por receitas atípicas, especialmente a venda da fatia na Aliança Energia. Sem esse reforço, a lucratividade e o payout tendem a se normalizar, reduzindo o espaço para distribuições tão generosas quanto as do ano passado.
Política de dividendos: a base da projeção
O payout-alvo de 50% permanece como referência, com um dividendo mínimo garantido às preferenciais. Essa estrutura dá previsibilidade, mas também limita expectativas acima do patamar histórico recorrente.
Três cenários para 2025
Lucro líquido estimado (R$ bi) | Dividendos (R$ bi) – 50% payout | DPS (R$/ação) | Preço-teto para yield de 10% (R$) |
---|---|---|---|
6,0 | 3,0 | 1,05 | 10,48 |
6,2 | 3,1 | 1,08 | 10,83 |
6,5 | 3,25 | 1,14 | 11,36 |
Leitura: o preço-teto indica o valor máximo que o investidor poderia pagar para manter um retorno de 10% em dividendos em cada cenário.
Interpretação: dividendos menores, mas atrativos
Mesmo com a retirada dos ganhos não recorrentes, as projeções indicam dividendos na faixa de R$ 1,05 a R$ 1,14 por ação, capazes de gerar yield de dois dígitos se a compra ocorrer abaixo do preço-teto calculado. O reajuste tarifário e a execução de investimentos regulatórios sustentam essa expectativa, enquanto a alavancagem controlada reduz riscos de corte abrupto.
Riscos e oportunidades
Riscos: alta nos custos operacionais, retração do consumo de energia, piora nas condições de financiamento e atrasos em projetos.
Oportunidades: crescimento no segmento de transmissão, ganhos de eficiência e estabilidade regulatória.
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