Putin elogia Trump e convida para Moscou após cúpula no Alasca

A primeira reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin após a retomada do diálogo terminou sem anúncio de cessar-fogo ou trégua na Ucrânia. Os líderes classificaram o encontro como “construtivo”, mas evitaram detalhar compromissos concretos. Na prática, a agenda avançou na reabertura de canais e na exploração de um terreno comum econômico, deixando as questões militares e territoriais para negociações futuras.

A mensagem de Putin: elogios a Trump e crítica indireta a Biden

Putin adotou um discurso calculado para se aproximar de Trump. Ele responsabilizou indiretamente a gestão anterior em Washington pela escalada do conflito e alinhou sua fala à narrativa de que, se Trump estivesse no poder, “a guerra não teria acontecido”. O líder russo reforçou a ideia de “virar a página”, prometeu buscar a paz “com raízes do conflito endereçadas” e propôs começar pelo que considera ser o caminho mais viável: grandes negócios e relações econômicas e comerciais mais estreitas entre os dois países.

A resposta de Trump: convergências, divergências e cautela

Trump afirmou que houve entendimento em vários pontos e uma divergência “substancial” em outros. Sem detalhar, sinalizou que o tema sensível é a Ucrânia. Disse que seguirá conversando com aliados europeus e com Volodymyr Zelensky, além de manter o canal aberto com Putin. O tom foi de prudência: reconhecer avanços no diálogo sem antecipar compromissos que não estejam maduros.

Ordem invertida: comércio antes da Ucrânia

Um ponto central do encontro foi a “inversão” da sequência desejada inicialmente por Trump. Putin propôs começar pelo fortalecimento das relações econômicas — comércio, investimentos e cooperação — para só depois buscar um arranjo político-diplomático sobre a Ucrânia. Trump não contestou publicamente a mudança de rota, o que sugere uma aposta em ganhos rápidos na esfera econômica como ponte para negociações mais complexas.

Moscou à vista: convite e novos passos

Ao final, Putin aproveitou a deixa e convidou Trump para um novo encontro em Moscou. A equipe americana avalia a possibilidade, e Trump indicou que pretende falar “em breve” com líderes europeus e com Zelensky antes de avançar. Não houve menção a cronograma, formato de mesa de negociação ou condições mínimas para um acordo.

O que não foi dito: trégua, linhas de frente e garantias

Ficaram de fora declarações sobre cessar-fogo imediato, retirada de tropas, status de territórios ocupados ou garantias de segurança. Também não houve anúncio de mecanismos de verificação, passos humanitários coordenados ou parâmetros para uma possível conferência de paz. Em resumo, o encontro abriu portas, mas não fechou questões.

Alasca como símbolo: geografia, história e narrativa

O Alasca foi usado por Putin como símbolo da história comum e de “boas relações” possíveis entre Washington e Moscou. Ele lembrou a proximidade geográfica pelo Estreito de Bering, cuja parte mais estreita tem cerca de 80 km, e citou momentos históricos em que a cooperação entre os dois países produziu “grandes feitos” — referência à atuação conjunta na Segunda Guerra Mundial. O recurso retórico reforça a aposta em reaproximação pragmática.

Clima político e narrativa pública

No plano doméstico, o discurso buscou desarmar controvérsias do passado e rotular acusações antigas como “notícias falsas”, em linha com a estratégia de comunicação de aliados. O objetivo é sedimentar apoio interno a uma reabertura do diálogo com Moscou sem custo político imediato.

O que acompanhar a partir de agora

  • Agenda com Zelensky e líderes europeus: ver se haverá alinhamento mínimo para negociações subsequentes.

  • Desenho de um pacote econômico EUA-Rússia: eventuais anúncios de cooperação podem sinalizar avanço do “comércio primeiro”.

  • Convite para Moscou: confirmação, data e formato do próximo encontro indicarão a velocidade do processo.

  • Sinais sobre a Ucrânia: qualquer gesto prático — mesmo humanitário — seria a primeira prova de tração das conversas.

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