O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, admitiu pela primeira vez que está disposto a iniciar negociações de paz a partir da linha de frente atual da guerra. A declaração foi feita neste domingo (17), após encontro em Bruxelas com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. O gesto sinaliza uma possível mudança de estratégia de Kiev, que até agora defendia a recuperação de todos os territórios ocupados pela Rússia.
A mudança de tom em Kiev
Zelensky afirmou que é preciso dar início a “negociações reais”, o que significaria partir do mapa atual do conflito. Embora não represente uma renúncia imediata a territórios, a fala indica uma disposição para avançar em acordos que congelem o front de batalha, criando espaço para um cessar-fogo temporário e futuro acordo permanente.
Impactos da cúpula Trump–Putin
Dois dias antes, em 15 de agosto, ocorreu a reunião entre Donald Trump e Vladimir Putin, que terminou sem acordo de cessar-fogo. Trump reforçou a ideia de um pacto de paz definitivo, mencionando inclusive a troca de territórios como base de entendimento, proposta que coincide com interesses do Kremlin. Putin, por sua vez, mantém o controle de áreas no nordeste da Ucrânia e defende a incorporação integral das regiões de Donetsk e Luhansk.
Cenário no terreno de guerra
A situação militar segue tensa:
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Norte e nordeste (Sumy e Kharkiv): tropas russas controlam pontos estratégicos;
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Leste (Donetsk e Luhansk): regiões prioritárias para anexação russa;
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Sul (Zaporizhzhia e Kherson): frentes estabilizadas, onde um acordo poderia “congelar” a situação atual.
Região-chave | Situação atual | Risco em negociação |
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Kharkiv/Sumy | Controle parcial russo | Perda territorial ucraniana |
Donetsk/Luhansk | Disputa intensa; Rússia reivindica | Incorporação definitiva por Moscou |
Zaporizhzhia/Kherson | Frente estabilizada | Congelamento do conflito |
Garantias de segurança no modelo da OTAN
Enquanto busca apoio na Europa, Zelensky prepara-se para encontros em Washington com Donald Trump e líderes europeus. Em discussão está a criação de garantias de segurança inspiradas no Artigo 5 da OTAN, que prevê resposta coletiva a ataques, mas sem a integração formal da Ucrânia à aliança. Essa alternativa já conta com sinalizações positivas de potências ocidentais e poderia funcionar como uma rede de proteção contra novas ofensivas russas.
Próximos passos
Nesta segunda-feira (18), Zelensky se reúne na Casa Branca com Trump e líderes europeus, como Emmanuel Macron, Giorgia Meloni e Keir Starmer. A pauta inclui:
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Definir formato das garantias de segurança;
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Estabelecer condições para um cessar-fogo verificável;
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Buscar consenso sobre a linha de base territorial para negociações.
O movimento marca um novo momento do conflito: Kiev abre a porta para conversas difíceis, enquanto o Ocidente tenta equilibrar apoio à Ucrânia e pressão diplomática sobre Moscou.
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