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Deste evento, participaram estudiosos de todos os formatos aos quais a escritora se dedicou, do romance aos contos e poesias – além daqueles que pesquisam sobre toda a trajetória dela. Daí veio o desejo de levar adiante as celebrações da rica obra de Helena Parente Cunha.“No seminário, produziu-se um rico material. Então, surgiu a ideia de publicar os trabalhos apresentados e convidar mais algumas pessoas que, embora não tivessem participado do seminário, também fizessem estudos sobre a obra de Helena Parente Cunha. O livro vem coroar a homenagem prestada a ela através do seminário sobre a sua obra”, conta Fonseca.Dama da literatura baianaNascida em Salvador, Helena Parente Cunha cursou Letras na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e foi membro correspondente da Academia de Letras da Bahia. Mas foi no Rio de Janeiro que se radicou, e na capital fluminense lecionou na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) até depois da aposentadoria, como professora emérita.Ao longo de seus 93 anos, a escritora, que faleceu em 2023, atuou como romancista, poetisa, ensaísta, professora e também como tradutora.Em sua obra, refletia sobre o cotidiano, viagens, descobertas e a busca da compreensão da existência humana. Mas o destaque era mesmo o jeito que tratava de assuntos voltados para as mulheres, suas angústias e sua autoestima na sociedade em pleno século XX.
| Foto: Marlene Fonseca/Divulgação
“Ela é uma autora muito importante pela obra que produziu, tratando de temas reativos à emancipação da mulher na segunda metade do século XX e início do século XXI. E também pela experimentação linguística, pela pesquisa formal, pela inovação na escrita literária, tanto no romance como no conto e na poesia. Ela escreveu romances importantes tendo como personagem principal a mulher, com problemáticas das relações familiares e da libertação feminina em relação aos valores tradicionais. Ou seja, ela trata da mulher moderna e seus dilemas no mundo contemporâneo”, diz Aleilton Fonseca.Livros publicados no BrasilForam 26 livros publicados no Brasil, sendo o mais emblemático Mulher no espelho. Este, assim como muitos outros títulos da escritora, continua a ser trabalhado em universidades Brasil afora.Nas salas de aula em que Fonseca lecionava, não era diferente. O escritor, professor e presidente da ALB conheceu o trabalho de Helena Parente Cunha ainda no início dos anos 1980, e de cara percebeu a força poética de sua escrita. Levou para seus alunos e ela se tornou item essencial na bibliografia.“Lendo sua poesia, seus contos e seus romances, percebi o vigor e a grandeza de sua escrita inovadora. Como professor universitário, adotei sua obra, que sempre fez parte de minhas aulas no curso de Letras”, diz.
Aleilton Fonseca
| Foto: Nilma Gonçalves/Divulgação
No ano 2000 se conheceram pessoalmente e, a partir do diálogo constante, criou-se uma amizade entre Aleilton Fonseca e Helena Parente Cunha. Em 2010, o professor foi responsável pela co-organização do livro As formas informes do desejo, que reuniu ensaios de diversos autores sobre a obra dela, e no ano seguinte fez o prefácio do livro Falas e falares: minicontos.Segundo Fonseca, é essencial que haja a movimentação para a manutenção do legado de autores baianos por parte da ALB. “Um dos objetivos da Academia de Letras da Bahia é a preservação da literatura baiana, o desenvolvimento, a divulgação. Então, preservar, divulgar, ler e estudar a obra de Helena Parente Cunha é uma forma de contribuir com a cultura literária na Bahia e no Brasil, mantendo a atenção dos estudantes, pesquisadores e sobretudo dos leitores em geral, sobre uma obra literária de grande qualidade estética e linguística”, defende.A todo vaporO lançamento de Helena Parente Cunha: escrita, ternura e compromisso amanhã entra para uma longa lista de eventos promovidos pela Academia de Letras da Bahia este ano.Desde o início de 2025, houve atividades presenciais e on-line, celebrando a união com diferentes culturas, edições do Clube do Livro da ALB, rodas de conversa e uma nova edição da Revista da Academia de Letras da Bahia.Entre novas atividades e as que dão continuidade a ações consolidadas, foi um primeiro semestre intenso para a ALB. Essa ampliação estava nos planos de Aleilton, que, em entrevista ao A TARDE em fevereiro, dias antes da posse, afirmou que o objetivo de sua gestão seria ampliar ações existentes e incorporar outras.“Os primeiros seis meses da nova gestão da ALB têm sido marcados por uma intensa programação de eventos presenciais e on-line, com a ampliação de nossos convênios com outras instituições culturais no Brasil e no exterior, inclusive promovendo a realização de atividades internacionais, com entidades culturais na França, na Espanha e em países da África”, avalia, num balanço do primeiro semestre como presidente da entidade.“Tivemos uma série de produções e lançamentos, além da ampla reforma de recuperação do prédio da sede da ALB, o Palacete Góes Calmon, onde estamos fazendo uma recuperação das instalações e melhorando as condições de funcionamento”, conclui.
| Foto: Marlene Fonseca/Divulgação
Serviço:Lançamento do livro ‘Helena Parente Cunha: escrita, ternura e compromisso’ Terça (19), 17h Academia de Letras da Bahia (ALB – Av. Joana Angélica, 198, Nazaré) / Entrada gratuita*Sob supervisão do editor Chico Castro Jr.