A ameaça silenciosa de uma praga exótica voltou a preocupa rapicultores baianos. O Aethina tumida, conhecido como “pequeno besouro das colmeias”, tem potencial destrutivo sobre os enxames e pode comprometer a produção de mel em diferentes regiões do estado.Embora apenas um foco tenha sido confirmado na Bahia, na cidade de Conde, e já esteja controlado, o alerta sanitário segue ativo diante da presença do inseto em outros estados brasileiros. Originário do continente africano, o besouro ataca colônias de abelhas Apis mellifera e sem ferrão, alimentando-se de larvas e mel, o que enfraquece os enxames e pode levar ao abandono das colmeias. Na ausência de tratamento, a principal estratégia de contenção está na prevenção, com reforço nas boas práticas de manejo e maior fiscalização no transporte de colmeias e na aquisição de rainhas. Especialistas apontam que, sem vigilância adequada, o problema pode avançar e causar perdas significativas em um setor que movimenta a economia rural nos municípios baianos. Diante da ameaça, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (ADAB) tem intensificado ações educativas e de vigilância para evitar novos focos da praga. “A gente pede alerta aos apicultores para observação e notificação em caso de suspeita da doença”, afirma Luciana Ávila, coordenadora do Programa de Sanidade das Abelhas. Segundo ela, estão sendo elaborados materiais didáticos para auxiliar na identificação do besouro e estabelecidas ações de vigilância ativa nas áreas próximas ao foco registrado. Técnicos da agência têm visitado propriedades no entorno para avaliar fatores de risco e reforçar orientações sanitárias, em articulação com representantes do setor produtivo, universidades e órgãos ambientais.Apesar de o Aethina tumida ainda não ter sido identificado em colmeias de abelhas nativas na Bahia, a preocupação entre meliponicultores cresce. “Existe a apreensão de que possa também ocorrer, mas pelo menos dos nossos cooperados nenhum ainda relatou o besouro em suas colmeias”,afirma Marcelo Alexandre Silva, engenheiro agrônomo e diretor técnico da Cooperativa de Criadores das Abelhas do Brasil (Coopcab). Segundo ele, a principal espécie criada pelos associados é a uruçu nordestina, e a cooperativa tem reforçado a importância das boas práticas de manejo e da notificação imediata à ADAB em caso de suspeita. “É uma ameaça sanitária severa, principalmente para a Apismellifera, por comprometera produção e aumentar os custos para o apicultor”,alerta.Mais de 50 municípios A pesquisadora Maria Teresa do Rêgo Lopes, da Embrapa Meio-Norte, destaca que o pequeno besouro das colmeias já foi registrado em mais de 50 municípios brasileiros e representa uma ameaça crescente à apicultura e à meliponicultura. Segundo ela, o inseto compromete a produção e a qualidade do mel ao fermentar os favos e pode até provocar o abandono das colmeias. Embora ainda não haja dados consolidados sobre os prejuízos econômicos no Brasil, a propagação do besouro preocupa especialmente pela ausência de tratamentos eficazes e pela facilidade com que se espalha. *SOB SUPERVISÃO DA EDITORA CASSANDRA BARTELÓ
Besouro ameaça colmeias e acende sinal de alerta na apicultura baiana
Adicionar aos favoritos o Link permanente.