
Ações dos bancos derretem após decisão do ministro Flávio Dino que proibiu as instituições de acatar ordens estrangeiras
O dólar abriu nesta quarta-feira (20), recuando 0,09%, cotado a R$ 5,4944, por volta das 9h05. Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abre às 10h.
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▶️ Os investidores locais seguem assimilando os desdobramentos da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, que pode afetar a lei Magnitsky no Brasil.
No pregão de ontem, o dólar subiu 1,19%, enquanto o Ibovespa caiu 2,1% — puxado pela queda das ações dos bancos, que perderam R$ 41,9 bilhões em valor de mercado.
Na avaliação de Gabriel Filassi, especialista em investimentos e sócio da AVG Capital, o estresse gerado com o embate político entre o governo dos EUA e o STF pode continuar agitando o mercado financeiro ao longo dos próximos dias.
“Pelo menos até sexta-feira o mercado deve agir com mais cautela, até que se tenha acesso às informações atualizadas para assim tomar melhores decisões.”
▶️ Ainda focado no cenário interno, às 14h30 o Banco Central (BC) vai divulgar o fluxo cambial semanal, apontando a entrada e saída de dólares do país.
▶️ Nos EUA, os investidores aguardam pela divulgação da ata do Federal Reserve (Fed), banco central americano, a respeito da última reunião de política monetária.
Os investidores estão em busca de pistas sobre os próximos passos da autoridade monetária, que podem dar fôlego ou cair como um balde de água fria às expectativas de corte de juros na reunião de setembro.
▶️ Falando em juros americanos, começa nesta quarta-feira o Simpósio de Jackson Hole, no EUA, evento que reúne banqueiros centrais de todo o mundo. Na sexta-feira está previsto o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed.
Veja a seguir como esses fatores influenciam o mercado.
Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair
💲Dólar
a
Acumulado da semana:+1,87%;
Acumulado do mês: -1,81%;
Acumulado do ano: -11,01%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -1,40%;
Acumulado do mês: +1,02%;
Acumulado do ano: +11,76%.
STF impede restrições estrangeiras
Sem citar a Lei Magnitsky, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino proibiu na segunda-feira (18) restrições “decorrentes de atos unilaterais estrangeiros” por parte de empresas ou outros órgãos que operam no Brasil.
A determinação consta de uma ação movida pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) contra ações judiciais movidas por municípios brasileiros na Inglaterra.
O ministro, entretanto, estabeleceu que esse impedimento vale, também, para “leis estrangeiras, atos administrativos, ordens executivas e diplomas similares”, e afirmou que qualquer bloqueio de ativos, cancelamento de contratos ou outras operações “dependem de expressa autorização” do STF.
🔎 A Magnitsky é uma lei dos Estados Unidos que permite punir financeiramente cidadãos estrangeiros. Ela permite, por exemplo, impedir que uma pessoa tenha cartão de crédito de grandes bandeiras que operam nos Estados Unidos ou que contrate serviços de empresas que atuem no país.
Seu uso contra o ministro Alexandre de Moraes foi imposto no dia 30 de julho por um ato administrativo do Departamento do Tesouro dos EUA com base numa ordem executiva de 2017 de Trump.
Após a decisão de Dino, proferida na véspera, a Embaixada norte-americana afirmou — sem citar o ministro — que nenhum tribunal estrangeiro pode anular as sanções impostas pelos EUA ou proteger alguém das severas consequências de descumpri-las.
Bolsas globais
Os mercados de Wall Street encerraram a sessão desta terça-feira em queda, enquanto investidores se preparam para o que Powell, presidente do Fed, dirá sobre a trajetória dos juros norte-americanos no simpósio em Jackson Hole.
“Há uma preocupação com os comentários de Powell em Jackson Hole”, disse Ross Mayfield, estrategista de investimentos da Baird Private Wealth Management, à Reuters. “Alguns investidores temem que o Fed esteja um pouco atrasado e que taxas de juros mais altas tenham um grande impacto nas ações de crescimento.”
Com isso, o S&P 500 caiu 0,6% na sessão, enquanto o Nasdaq encerrou com um recuo de 1,5%. O Dow Jones, por sua vez, fechou praticamente estável, após atingir brevemente uma máxima histórica.
Já na Europa, os mercados fecharam em seu nível mais alto em mais de cinco meses nesta terça-feira, com investidores avaliando as chances de um fim da guerra na Ucrânia, após as negociações de segunda-feira em Washington entre líderes dos Estados Unidos, Ucrânia e Europa.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,69%, a 557,81 pontos. Em Londres, o índice Financial Times avançou 0,34%, a 9.189,22 pontos; em Frankfurt, o índice DAX subiu 0,45%, a 24.423,07 pontos; e em Paris, o índice CAC-40 ganhou 1,21%, a 7.979,08 pontos.
Na Ásia, os índices acionários da China e de Hong Kong fecharam em baixa nesta terça-feira, com os investidores realizando lucros e antes de uma reunião do banco central dos Estados Unidos nesta semana, que poderá fornecer pistas sobre a trajetória de sua política monetária.o
A única alta foi em Cingapura, onde o índice Straits Times avançou 0,69%, a 4.216 pontos.
Já entre as quedas, o índice Kospi de SEUL registrou a maior desvalorização do dia, com baixa de 0,81%, a 3.151 pontos.
Em Tóquio, o Nikkei perdeu 0,38%, a 43.546 pontos, mesma variação registrada pelo CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, aos 4.223 pontos. Em Hong Kkong, o Hang Seng recuou 0,21%, a 25.122 pontos.
Cotação do dólar mostra menor confiança na economia brasileira devido a gastos e dívidas do governo
Jornal Nacional/ Reprodução
*Com informações da agência de notícias Reuters