VÍDEO: ‘Tenho medo de que ele saia pela porta da frente’, diz viúva de gari sobre empresário que confessou o crime

Liliane França da Silva, viúva do gari Laudemir Fernandes, de 44 anos, morto a tiro enquanto trabalhava no dia 11 de agosto, pediu justiça pelo caso e respeito à categoria dos garis. A mulher conversou nesta quarta-feira (20) com a imprensa, durante audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no bairro Santo Agostinho, região Centro-Sul de Belo Horizonte. Durante a entrevista, ela relatou o medo de que Renê Júnior, de 47 anos, saia impune mesmo após a confissão do crime.

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“Tudo aponta, todas as provas indicam que foi ele. Espero que, com essa confissão, o processo avance rapidamente e que a justiça seja feita. Mas ainda tenho medo de que isso caia no esquecimento e que ele saia pela porta da frente. Infelizmente, existem brechas na lei, e fico receosa de que ele se encaixe em alguma delas”, explicou.

A mulher, que trabalha em um posto de saúde, afirmou que pretende retomar a rotina nos próximos dias e que precisa manter a força devido à filha do casal. Ela também ressaltou que não desistirá da busca por justiça. “Para ele [Renê], meu marido era como um saco de lixo. Mas o meu Lau não era isso. Ele era um homem amável, querido, com família, que tinha prazer em voltar para casa e orgulho em ser gari. Esse era o meu Lau”, relatou emocionada.

Ela também falou da saudade do marido e revelou que, desde a morte dele, tem sido muito difícil lidar ausência dele. “Esse rapaz [Renê Júnior] não tirou só a vida do Lau, mas também a nossa. Eu não tenho mais meu Lau, ele não volta. Já se passaram nove dias sem ver ou ouvir a voz dele. Não vou deixar essa luta parar, estou sofrendo demais. Às vezes, olho ao redor e não o vejo, é muito difícil. Tudo o que eu ia fazer, pedíamos a opinião um do outro, conversávamos”, completou.

Veja o vídeo:

‘Respeito aos garis’

Liliane destacou que é comum o caminhão permanecer parado enquanto os garis recolhem o lixo e que, na maioria das vezes, eles não recebem o devido respeito. “A justiça vai trazer muito alívio, não só para minha família, mas também para as famílias daqueles que continuam trabalhando. Eles não podem parar, já que as ruas seguem sujas e precisam ser limpas, essa é a função deles. Por isso, não peço justiça apenas pelo Lau, que já se foi, mas também justiça e respeito por esses trabalhadores que sofrem tanto”, declarou a viúva.

“Os colegas de trabalho do Lau estão receosos e com medo, porque o que levou a vitimá-lo faz parte da rotina dos gari. Como será quando precisarem parar o caminhão para pegar o lixo? Outro vai morrer? Outra mulher será ameaçada? Estou pedindo justiça e respeito”, prosseguiu.

Liliane pediu que as pessoas respeitem os garis e tenham paciência enquanto eles realizam o trabalho de coleta. “A sua vida não vai parar por cinco minutos. Olhe como eles trabalham com alegria, o quanto as crianças gostam deles. Eu vou continuar lutando por essa categoria. Eu tive meu marido gari e pedi meu marido gari”, reiterou.

Entenda

Laudemir foi morto no dia 11 de agosto, na rua Modestina de Souza, no bairro Vista Alegre, região Oeste da capital. Conforme testemunhas, um caminhão de lixo estava parado na rua, durante a coleta de resíduos, quando Renê Junior exigiu para que fosse liberado espaço na via para passar com o veículo que dirigia, um BYD cinza.

Irritado, ele ameaçou a motorista do caminhão com uma arma. Os garis tentaram intervir e pediram que ele se acalmasse. Foi nesse momento que ele saiu do veículo e disparou contra os funcionários, acertando Laudemir. “E aí ele entrou do carro e foi embora. Não prestou socorro, nem olhou para trás, ele seguiu o caminho dele”, relatou ao BHAZ a motorista do caminhão, Eledias Aparecida.

Renê confessou o crime durante um novo interrogatório, realizado na segunda-feira (18), na sede do Departamento Estadual de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). “Na oportunidade, o suspeito alegou que efetuou o disparo em razão de uma discussão de trânsito e que a sua esposa, servidora da PCMG [Polícia Civil de Minas Gerais], não tinha conhecimento que ele havia se apoderado da arma particular da delegada, uma pistola, calibre .380”, explicou a PCMG.

Clique aqui e veja o que se sabe sobre o caso.

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