Contato com esposa, remédios, momento do crime: veja depoimento do assassino de gari em BH

O gestor comercial Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, assumiu, em novo depoimento, ter assassinado, à luz do dia, o gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, no bairro Vista Alegre, na região Oeste de Belo Horizonte. A nova versão foi relatada à polícia na última segunda-feira (18).

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No primeiro depoimento, Renê havia negado participação no caso e afirmou que desconhecia o homicídio em apuração. Veja detalhes do relato, que inclui contato com a esposa, ingestão de remédios no momento da prisão e o que ocorreu no momento do crime, segundo o suspeito.

O novo depoimento de Renê Junior

Como começou a briga com os garis?

Renê alega o conflito começou após ele seguir um desvio sugerido por aplicativo de GPS, para fugir de um congestionamento. Ele havia saído de casa em Nova Lima, na Grande BH, e seguia para o novo trabalho em Betim, também na região metropolitana.

Segundo o relato, a rota o levou a um beco, sem saída, em um bairro que não soube identificar. Ao sair do beco, ele se deparou com uma rua estreita bloqueada por um caminhão de lixo. Renê alega que, após o caminhão liberar a passagem para outros carros, o veículo de coleta veio em sua direção no momento em que ele tentava passar.

Ele afirma ter gritado: “meu carro é largo, não vai passar”. De acordo com sua versão, a motorista do caminhão teria visto a arma de fogo que estava entre suas pernas e gritado: “ele está armado”. Nesse momento, um dos coletores se aproximou de seu carro e o confrontou verbalmente, dizendo: “filho da ***, ameaçar mulher é fácil, quero ver fazer isso com um homem”.

Como foi a dinâmica do disparo?

O investigado alega que, em resposta à provocação do coletor, desceu do veículo com a arma em punho, mas afirma que a mantinha apontada para o chão. Diante da cena, o gari que o havia xingado teria recuado, afirmando: “com arma é fácil”.

Renê conta que, em seguida, levantou a pistola e desafiou o homem para uma briga corporal, questionando: “quer resolver na mão, bicho?”. Foi neste exato momento, segundo ele, que a arma disparou.

O autor confesso ressalta em seu depoimento que não estava mirando no coletor com quem discutia e que a vítima, Laudemir de Souza Fernandes, era outro trabalhador que não estava diretamente envolvido na confusão.

Por que Renê fugiu?

A justificativa de Renê para ter deixado o local do crime é a de que ele não percebeu que havia atingido alguém. Ele afirma que, após o disparo, viu todos os coletores correrem e, por isso, não imaginou que o tiro tivesse acertado uma pessoa.

Em seu depoimento, ele declara que, “caso tivesse visto, teria prestado a devida assistência”. Renê diz que entrou no carro e seguiu o trajeto para o trabalho, acreditando que poderia responder, no máximo, “por um porte ilegal de arma de fogo”, já que, segundo ele, desconhecia a consequência fatal de sua ação.

Por que Renê estava armado?

Renê atribuiu a decisão de pegar a arma a um sentimento de insegurança e ansiedade. Ele relatou que estava em sua primeira semana em um novo emprego em Betim e, por ser de outro estado, não conhecia bem o trajeto, considerando-o um “local perigoso”.

O investigado afirmou que levou a arma com o “intuito de proteção, pois estava muito tenso”. Ele acrescentou que, naquela manhã, estava muito ansioso com o novo trabalho e havia se esquecido de tomar o remédio que usa para tratar o transtorno bipolar, descrito por ele como um medicamento para “equilibrar a cabeça (estabilização)”.

O que Renê fez após fugir?

Após o disparo, Renê continuou seu trajeto até a empresa em Betim. Antes de entrar no local de trabalho, escondeu a arma de fogo debaixo do banco do carro. Ele relata que trabalhou normalmente durante a manhã e saiu para o almoço por volta das 13h, com a intenção de fazer as reuniões da tarde de forma remota, em casa.

Ao chegar no condomínio, e antes que a esposa chegasse, ele guardou a arma no mesmo lugar de onde a havia retirado: em cima de uma estante no escritório. Em seguida, trocou uma mensagem com a esposa sobre os cachorros — “paulinha, você passeou com os cachorros?” — e desceu para passear com os animais no condomínio, período em que ainda fez uma ligação de trabalho. Ele afirma que só tomou conhecimento da morte do gari quando foi abordado pela Polícia Militar na academia.

Renê contou para a esposa que havia atirado em um homem?

O acusado afirmou em depoimento que não relatou o ocorrido à esposa. Pouco tempo depois da briga de trânsito, ela ligou para perguntar se ele já havia chegado ao trabalho. Renê disse que ainda não e apenas comentou com ela que “não daria certo comprar uma casa em localidade mais distante”.

Ele justificou a omissão dizendo que “não quis preocupar a esposa”, especialmente porque ela já o havia orientado a não seguir os desvios sugeridos pelo Waze.

A esposa de Renê sabia que ele estava usando a arma dela?

Renê foi categórico ao afirmar que pegou a arma “escondido” e que a esposa “o proibia de se aproximar de suas armas”. Segundo ele, foi a primeira vez que pegou o revólver.

O acusado também demonstrou saber diferenciar as armas da mulher, esclarecendo que pegou a de uso particular, e não a institucional, que ficava guardada em uma caixa com a inscrição “glock” e tinha o nome da Polícia Civil.

Momento da prisão e ingestão de remédios

Renê afirma em seu depoimento que só soube da morte de Laudemir de Souza Fernandes horas depois do crime, quando foi abordado pela Polícia Militar na academia de seu condomínio. Ele garantiu que colaborou “a todo momento com os policiais, sem oferecer resistência” e mostrou seu veículo para a verificação dos agentes.

Foi durante essa abordagem, no momento em que abria o carro para os policiais, que Renê diz ter ingerido cinco comprimidos de medicamentos “para se acalmar”. Ele ressaltou que a dose era mais que o dobro da recomendação médica, que seria de apenas dois comprimidos. Ele garante que não é usuário de drogas.

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