Vamos de mão na massa?

Foto Divulgação

A gente tem essa mania de acreditar que, se fosse com a gente, faríamos diferente. Melhor. E olha, muitas vezes é verdade. Mas pensar, só pensar, não move nada. Fica todo mundo cheio de opinião, de thread no X, de textão no LinkedIn, mas e aí? Quem é que coloca a mão na massa de verdade?

Sempre defendi o valor de refletir. Mas hoje eu confesso: começo a desconfiar desse excesso de “consultorias”, lives, análises infinitas e discursos sobre o que deveria ser feito. Porque, no fundo, o que falta mesmo é gente que faz.

Me emociona mais ver alguém trocando um pneu na rua do que instalando com destreza o 157º app do celular. Onde estão os artesãos? A galera que sabe levantar uma parede, fazer um curativo, cozinhar sem tutorial do YouTube? O mundo pode estar cada vez mais digital, mas a gente continua de carne e osso. E spoiler: carne e osso sangram, mesmo que um especialista saiba explicar em mil slides como evitar isso.

Vivemos cercados de tecnologia — inteligência artificial, metaverso, deepfake, blockchain, smartwatches que já sabem até o nosso humor antes da gente mesmo. É incrível, mas também é meio insano. Porque, no fim, quem tá resolvendo de fato os problemas reais do dia a dia?

As proporções se perderam. Nas redes, tudo é “o maior”, “o melhor”, “o pior”, “o fim do mundo”. Mas quando a gente não consegue mais medir o que é muito e o que é pouco, como é que fica o resto? A sensação é de que a gente tá sempre correndo atrás de um futuro brilhante, mas esquecendo de coisas simples — tipo ajudar um vizinho, cozinhar algo com as próprias mãos ou consertar aquela lâmpada queimada que já virou decoração da sala.

Não dá pra comparar a revolução que estamos vivendo com a Revolução Industrial. Lá atrás, era suor, fábrica, concreto. Aqui é algoritmo, dado, promessa. Um futuro possível, mas ainda incerto. E até que ele chegue, ainda precisamos de gente que saiba amassar o pão, dar nó de marinheiro, prestar primeiros socorros.

No fim das contas, não adianta só discursar sobre política, economia ou tecnologia disruptiva. O que muda mesmo é obedecer a lei de trânsito, dar passagem, estender a mão, olhar no olho. Nada substitui o cheiro de um bolo quentinho feito em casa. Nada supera o calor de um aperto de mãos de verdade.

A gente não precisa de mais “especialistas em tudo”. A gente precisa de quem faz alguma coisa. Quem constrói, cura, conserta, transforma. É nesse “simples” que mora a diferença. Meu conselho: mandem os filhos para cursos manuais. Profissões do futuro e mais bem pagas? Mecânico, pedreiro, enfermeiro, pintor, jardineiro, adestrador, costureiro e tudo que termina em “eiro” e precisa das mãos.

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