Sua casa é vintage ou retrô? Buscas pelos estilos crescem até 260%

Não se pode afirmar que estar em “casa” é o mesmo que estar em um lar, mas é possível dizer que, para quem adota decoração vintage e retrô, no entanto, costuma buscar justamente isso: um espaço com aconchego, memória e identidade.Segundo o relatório Pinterest Predicts 2025, plataforma onde muitos buscam referências de estilo, termos como maximalismo vintage, decoração de parede com tecido e quarto boho eclético, tiveram, respectivamente, um aumento de 260%, 135% e 65% nas buscas no último ano.Dados que refletem o desejo crescente por ambientes com mais personalidade, afeto e conexão com o passado.Decoração vintage x retrôVintage são peças antigas preservadas ou restauradas, enquanto o retrô recria uma estética do passado no contemporâneo, como uma releitura. Em uma sociedade cansada, a busca pelo nostálgico se torna uma forma de escape, e isso vai além de hobbies ou do estilo de vida.O ambiente em que vivemos também integra esse movimento, que valoriza o retrô, o sentimental e a reconexão com identidades afetivas. Na decoração, a escolha de móveis, cores e iluminação ganha destaque. Mais do que estilo, o vintage e o retrô representam escolhas conscientes: reaproveitamento, criatividade e o prazer de fazer com as próprias mãos.“Em mundo tão acelerado, conflituoso e pós-pandemia, as pessoas estão buscando criar dentro de casa um lugar que abrace, que conte histórias e que seja cheio de camadas simbólicas. E o vintage traz exatamente isso: camadas”.Kim Sousa é arquiteta e formanda em design de produtos, atua também com interiores e tem como linha de trabalho o conforto ambiental, modernismo brasileiro e o diálogo entre os contextos Ela acredita que, entre as camadas, o desejo de aderir a estética também é emocional: “Eu diria ser tanto estética, quanto emocional. Muitos clientes vêm com esse desejo de se reconectar com um tempo mais afetivo, às vezes da infância, às vezes da casa dos avós, ou mesmo de uma época que nem viveram, mas que inspira um certo romantismo, uma pausa”.“O vintage, quando bem trabalhado, não é uma repetição do passado, mas uma releitura cheia de personalidade e memórias”, afirma Kim. Para ela, misturar elementos antigos e contemporâneos cria elegância, mas é essencial que os móveis façam sentido de forma pessoal: “Um espaço com pegada vintage não é feito só de peças bonitas, e sim de histórias, objetos com valor emocional, como: louças herdadas, retratos, tapeçarias e cerâmicas artesanais, também constroem esse lugar de memória. Costumo dizer que casa tem que ter a sensação do pé descalço no portão”.A publicitária Renata Teixeira está em processo de decorar sua casa, apesar de morar em Salvador, é do interior da Bahia e muitas de suas escolhas estão ligadas às lembranças. “Sou uma pessoa nostálgica, melancólica por natureza. Gosto de músicas bem antigas. A infância é um lugar ao qual sempre volto com carinho, principalmente quando lembro da casa dos meus avós maternos.” Para ela, personalidade e memória são fundamentais na decoração: “Herdar algo da mãe, da avó, de uma tia é muito especial. Um vaso comprado em loja é bonito, mas um vaso herdado da sua avó tem um valor a mais”.Para Luciana Flôres Marinho, psicóloga carioca que reside em Salvador, criar um ambiente aconchegante e com a sua cara foi essencial, especialmente por atender pacientes on-line em todo o Brasil e no exterior: “Algo marcante na nossa decoração são os discos de vinil, a vitrola, temos móveis dos anos 80 repaginados, muita cor e o piso maravilhoso da varanda, que foi sugestão da Marcela, nossa designer”. Ela destaca que priorizou peças leves, confortáveis, versáteis e coloridas. “Temos um móvel que viajou conosco: um recamier que fica aos pés da cama, era da minha sogra, foi paixão à primeira vista. Peguei pra mim e quero reformá-lo, colocar uma cor”.Foco no design afetivoMarcela Neri, designer de interiores responsável pelo escritório Neri Interiores, trabalha com foco no design afetivo, priorizando a essência das coisas e os sentimentos que cada pessoa deseja trazer para o espaço, valorizando o lado mais emocional da decoração.Ela observa um crescimento na busca por uma estética vintage e retrô: “Tenho percebido uma maior procura por essa estética. As pessoas sentem a necessidade de voltar à ideia de uma casa real, de um lar, não apenas uma casa”. Para Marcela, esse estilo também resgata a identidade brasileira: “Ele representa a essência da casa brasileira. Se a gente observar bem, o retrô é o que melhor traduz a beleza das nossas casas de antigamente”.De seus projetos, Marcela Neri destaca o de um casarão na Ribeira: “Tenho realizado projetos com esse foco. Um deles é de um cliente estrangeiro que comprou um casarão e quis restaurar a fachada para recuperar o visual original. Estamos usando azulejos, torneiras e espelhos com estética vintage, além de marcenaria em madeira e detalhes que trazem esse ar rústico, antigo e aconchegante, exatamente o que ele queria resgatar”.Para quem deseja criar uma atmosfera vintage e afetiva sem grandes reformas, Marcela recomenda apostar em tapetes, almofadas, luminárias de luz amarela, cerâmicas, revestimentos azulejados, papel de parede com textura de linho, quadros com significado pessoal, como poemas ou fotos de família e vasos com flores naturais ou desidratadas, que trazem vida e sensibilidade ao ambiente.*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
Adicionar aos favoritos o Link permanente.