O goleiro Cássio, do Cruzeiro, usou suas redes sociais, nessa sexta-feira (22), para fazer um desabafo emocionante sobre a dificuldade de encontrar uma escola para sua filha, que é autista não verbal, em Belo Horizonte. Em um relato duro, o jogador revelou que diversas instituições de ensino recusaram a matrícula da criança por não aceitarem a presença de uma profissional de apoio particular, que a acompanha desde os 2 anos.
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Segundo Cássio, a profissional é de “extrema confiança da família”, veio com eles de São Paulo e tem um vínculo profundo com a menina, o que facilitaria sua adaptação.
“Hoje, como tantos outros pais de crianças autistas não verbais, venho compartilhar algo muito doloroso”, iniciou o goleiro. “Se não fosse por uma única escola ter aceitado a minha filha, a Maria simplesmente não teria como estudar em Belo Horizonte”, completou.
O jogador criticou duramente as escolas que se promovem como “inclusivas”, mas que, na prática, não demonstram tal atitude.
“Como pai, ver sua filha rejeitada simplesmente por ser autista é algo que corta o coração. Inclusão não é só palavra bonita em propaganda, é atitude. E ainda estamos muito longe de viver isso de verdade”, lamentou.
Avaliação de especialista
A advogada Carla Rodrigues, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB-MG, explica que a lei atualmente não traz definições sobre o tema. Assim, segundo a especialista, as diretrizes não obrigam e nem proíbem as escolas de aceitarem o profissional particular da família.
No entanto, Carla defende uma modernização na lei relacionada ao assunto. “O acompanhamento especializado vai conseguir entender qual são as estratégias de manejo comportamental capaz de mitigar as barreiras que o autista vai enfrentar na escola. Não é qualquer profissional que faz isso e, muitas vezes, a escola disponibiliza um profissional precário, gerando a falsa inclusão”, justifica ao defender que as famílias passem a ter essa possibilidade.
Para alguns especialistas, o conflito sobre a responsabilidade trabalhista deste profissional dentro da escola e a autonomia pedagógica leva os colégios a negarem o apoio externo, mas na avaliação da advogada, as famílias podem acionar a instituição judicialmente para tentar conquistar o direito.
“A gente busca outras diretrizes legais para mostrar a importância deste profissional. A lei fala que a criança tem o mesmo direito de acessibilidade. Muitas famílias buscam terapias por fora, antes mesmo do início da fase escolar, com profissionais já criando conexões com a criança autista. Quando chega no colégio, a criança fica de quatro a cinco outras com outro profissional e, em alguns casos, esse esforço não é continuado”, alega.
Quem é Cássio?
Cássio Ramos é um dos goleiros mais vitoriosos do futebol brasileiro. Ídolo histórico do Corinthians, onde conquistou a Libertadores e o Mundial de Clubes em 2012, ele se transferiu para o Cruzeiro em 2024. Com diversas convocações para a Seleção Brasileira, participou da Copa do Mundo de 2018.
O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
De acordo com o Ministério da Saúde, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta a comunicação, a interação social e o comportamento. Pessoas com TEA podem ter padrões de comportamento repetitivos e um repertório restrito de interesses. O diagnóstico precoce e o apoio educacional adequado são fundamentais para o desenvolvimento da criança.
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