Recém-empossado como diretor-geral do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Eduardo Topázio acumula 34 anos de atuação na área ambiental. Ex-diretor de fiscalização do órgão, tem exata noção dos desafios que o aguardam.Topázio reconhece que existem grandes passivos ambientais na Bahia mas pondera a necessidade de conciliar sustentabilidade com um modelo de desenvolvimento econômico. e sabe que é preciso ‘corrigir questões muito antigas’. Grande parte delas relacionadas ao uso das água.“A gente tem que entender que o coletivo está em primeiro lugar”, diz o novo diretor do Inema. Ele lembra que a água é um bem público e defende a regulação como forma de disciplinar o seu uso e preservar mananciais.Pólo não pode pararNa última semana, o Ministério Público (MP) denunciou a Central de Efluentes Líquidos (Cetrel) e a metalúrgica de cobre Paranapanema, por lançamento de efluentes não tratados no rio Capivara Pequeno.Eduardo Topázio diz que não conhece em detalhes a denúncia mas destaca a importância do MP na fiscalização e diz que vem trabalhando no aperfeiçoamento dos processos da Cetrel.“Se pegar a história do pólo petroquímico de Camaçari, tem um problema sério de passivo, implantação em área de aquífero, estamos revendo procedimentos e a renovação de licenças para corrigir problemas”, diz Topázio, reforçando que ‘o pólo não pode parar’.Interdição não resolve passivoÉ com essa mentalidade que o diretor-geral do Inema avalia a interlocução perante a Tronox, indústria química instalada no Litoral Norte, vizinha ao condomínio Interlagos e à comunidade de Areias.Topázio lembra que a estrada que ajudou a desenvolver o Litoral Norte foi criada por causa daquela indústria, mas, admite que hoje seria muito mais difícil instalar um empreendimento dessa natureza no local.
Leia Também:
Tronox contradiz relatório do MP sobre irregularidades na água
Perícia do MP confirma contaminação de águas subterrâneas pela Tronox
Tronox é autuada após descumprimento de TAC com MP
Poluição da Tronox é notícia há mais de 30 anos em A TARDE
“Hoje eu não daria autorização para a Tronox se instalar naquele lugar. O incrível é que escolheram um local pra botar uma indústria com potencial cênico e uma importância ambiental fantástica”, avalia. E acrescenta: “O ideal é que ela fosse pro pólo petroquímico”.Apesar disso, Eduardo Topázio defende ajustes nos processos da empresa em lugar de punições mais drásticas. “Hoje não fazem as práticas que a Tibrás fazia no passado, obviamente que herdaram alguns passivos”, pondera o diretor.
Conclusão da perícia sugere que Tronox falhou no controle de metais pesados no lençol freáticos
| Foto: Reprodução
Segundo ele, a contaminação foi interrompida e o acúmulo de metais pesados no lençol freático só vai ser resolvido com o tempo. “O que houve foi que os métodos do passado não fizeram a proteção necessária dos aquíferos”, argumenta Topázio, para quem uma eventual interdição não resolve o passivo ambiental. “Se a empresa deixar de existir, deixa de gerar tudo que é positivo (como os empregos) e fica só o negativo”, diz o diretor-geral do Inema.Perícia realizada pelo MP em laudos produzidos pelo Inema comprovaram que as barreiras hidráulicas instaladas para impedir a contaminação do subsolo não estariam cumprindo seu objetivo.