Uma nota do Ministério da Saúde alerta sobre o avanço da meningite no Brasil. Em Minas Gerais, o número de casos da doença já retornou ao patamar registrado antes da pandemia de Covid-19, que trouxe restrições de contato a partir de 2020 e, assim, reduziu o contágio. O contexto é de atenção, segundo especialistas, e indica necessidade de alerta ao esquema vacinal.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) apontam que, entre janeiro e julho deste ano, o estado teve 497 pessoas infectadas. Considerando anos cheios, 2024 registrou a maior notificação desde 2019. Foram 1.013 contra 983 do último ano antes do isolamento social. Em 2018, foram 1.019 ocorrências.
O médico Adelino de Melo Freire Junior, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia, explica que uma das explicações para o aumento de ocorrências está, justamente, na mudança de comportamento da população.
“A transmissão das meningites bacterianas acontecem por contato próximo. No caso das crianças, a incidência é aumentada, por exemplo, por causa do contato mais próximo entre elas, que ficam aglomeradas nas escolas. Como esse contato não acontecia na pandemia, o número de casos reduziu e, agora, voltou ao normal”, comenta.
De acordo com o Ministério da Saúde, a meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A enfermidade pode ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas. Estudos apontam que, no Brasil, casos são esperados durante todo o ano, mas com surtos ocasionais. As meningites bactérias são mais comuns no outono e no inverno, enquanto as virais são mais recorrentes na primavera e no verão, avalia o órgão federal de saúde.
Quando associados a comorbidades e demora para tratamento, o risco de morte aumenta, segundo o médico Adelino de Melo. “O atraso no diagnóstico e a condição do suporte, como exemplo, se o paciente terá um tratamento adequado, influenciam muito”, comenta.
Número de óbitos cresceu nos últimos anos
O número de óbitos também vem aumentando nos últimos anos. Em 2019, 116 pessoas morreram com a doença em Minas Gerais. Em 2020, primeiro ano pandêmico, o volume caiu para 66. Em 2022, os números voltaram a subir e o estado teve 119 mortes, seguidas por 111 em 2023 e 153 em 2024. Até o momento, 60 pessoas morreram com a doença no estado, em 2025.
A doença causada por bactéria costuma ter os sintomas mais agressivos e só há vacinas para estes casos. Segundo o Ministério da Saúde, “manter a vacinação em dia e cuidar da higiene, especialmente lavando bem as mãos, são formas essenciais de prevenir a meningite bacteriana”.
“A meningite bacteriana são doenças que, apesar de ter taxa de incidência baixa, traz muita mobilização pública, já que tem muito estigma”, comenta o infectologista.
No Brasil, o índice vacinal gira próximo de 90%. Segundo a SES-MG, em Minas Gerais, Para bebês menores de 1 ano, o cobertura atual é de 78,33% com o imunizante meningo C e 80,23% para o pneumo 10. Com as crianças com idade a partir de 1 ano, o primeiro reforço da meningo C está com 88,25% de cobertura e o da pneumo 10 está com 88,65%.
A orientação dos especialistas é buscar atendimento médico rapidamente em caso de suspeita ou sintomas. Os mais comuns são:
- Febre alta ou persistente;
- Rigidez de nuca, com dificuldade de encostar o queixo no peito;
- Alterações no estado mental: confusão, sonolência, irritabilidade ou agitação;
- Dor de cabeça intensa, diferente do habitual, muitas vezes acompanhada de rigidez no pescoço;
- Náuseas e vômitos;
- Aumento da sensibilidade à luz (fotofobia);
- Manchas vermelhas na pele, que podem parecer picadas ou erupções, mais comuns na meningite meningocócica.
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