
Começou a circular esta semana entre alunos da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) de Quintino, na Zona Norte do Rio de Janeiro, um formulário on-line para justificar faltas por motivo de violência. A iniciativa, segundo relatos de pais e responsáveis, surgiu como resposta aos constantes tiroteios que afetam diretamente a comunidade escolar.
A ficha foi criada como um documento do Google e traz, no cabeçalho, “Escola Estadual de Ensino Fundamental República” — uma das unidades do campus de Quintino — e as logos da Faetec e do governo do estado.
Em seguida vêm o título, “Justificativa de Falta por Motivo de Violência”, e uma breve descrição: “Este formulário destina-se especificamente para a justificativa de falta por motivos de violência, seja no entorno da unidade, seja no local de moradia do(a) aluno(a)”. Na sequência, campos para identificar o aluno.
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Ficha da Faetec
Reprodução/TV Globo
Entorno conflagrado
A unidade está localizada na Rua Clarimundo de Melo, área cercada por comunidades como o Fubá, o Saçu e a Caixa D’Água — todas marcadas por confrontos frequentes entre facções criminosas. O Morro do Fubá, por exemplo, vive há meses sob disputa entre o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP), com registros diários de tiroteios.
Nesta terça-feira (26), houve intensos tiroteios em reação a uma operação conjunta das polícias Civil e Militar na região — um sargento do Bope foi baleado e estava em estado grave nesta quarta (27).
No mês passado, uma operação policial levou à ativação do protocolo de segurança da Faetec, com alunos sendo retirados das salas e levados para o corredor da unidade. Em março, uma mãe foi baleada de raspão na orelha dentro da escola.
Outra mãe lembrou outro episódio de tensão. “Minha filha viu bala traçante passando e teve que se jogar no chão com os colegas e professores. Já houve tiroteio à tarde, com alunos sendo retirados às pressas da piscina. À noite, a situação piora. Já ouvi relatos de invasão pela parte de trás da escola, que dá acesso ao Morro do Fubá. E aí, o que fazemos?”, relatou.
O que diz a Faetec
Em nota, a Faetec afirmou que não tomou conhecimento nem autorizou o uso do formulário, que teria sido elaborado de forma isolada por uma unidade de ensino fundamental. A Fundação determinou a suspensão imediata do documento e informou que o caso está sendo apurado internamente.
A Faetec também declarou que mantém diálogo permanente com os órgãos de segurança pública e reforça rotineiramente as orientações de prevenção e proteção às unidades, conforme os protocolos da Secretaria Estadual de Educação. A instituição disse ainda que não confirma aumento de ocorrências específicas envolvendo a comunidade escolar.