O programa Crédito do Trabalhador, uma das principais apostas do governo federal para substituir o antigo modelo de antecipação do saque-aniversário do FGTS, está passando por um processo de reestruturação. Lançado oficialmente em março, o programa ainda enfrenta dificuldades operacionais e agora ganha novos prazos para migração de contratos, portabilidade entre bancos e uso do FGTS como garantia.
Segundo informações divulgadas pelo governo e publicadas pelo G1, mais de 4,2 milhões de trabalhadores já contrataram essa linha de crédito, movimentando quase R$ 30 bilhões. No entanto, muitos trabalhadores relatam problemas para concluir o processo via aplicativo Carteira de Trabalho Digital — com simulações de juros altos e falhas na contratação.
Migração de contratos antigos vai até novembro
Desde o dia 21 de agosto, teve início a migração de contratos antigos de crédito consignado (anteriores à criação do Crédito do Trabalhador) para as novas regras. Essa migração, porém, será feita de forma gradual e só deve ser finalizada em novembro de 2025.
Somente após essa etapa, os trabalhadores poderão optar pela portabilidade para instituições com taxas mais atrativas, algo que inicialmente o governo já havia sugerido estar em funcionamento desde abril, mas que só agora será efetivamente implantado.
Refinanciamento para contratos novos começa dia 25 de agosto
Já para os contratos assinados após março, dentro da nova plataforma do Crédito do Trabalhador, a possibilidade de refinanciamento e portabilidade entre bancos será liberada a partir do dia 25 de agosto, com a condição de que seja feita diretamente nos bancos e não via aplicativo.
O objetivo é permitir que trabalhadores que contrataram o empréstimo com juros considerados elevados (alguns relatos indicam taxas entre 6% e 7% ao mês) consigam melhores condições.
Uso do FGTS como garantia só será liberado em novembro
Outro ponto polêmico do programa é o uso do FGTS como garantia. De acordo com o modelo anunciado, o trabalhador poderá ter 10% do saldo do FGTS e 40% da multa rescisória comprometidos para garantir o pagamento do empréstimo.
Contudo, essa funcionalidade ainda não está em vigor. Segundo a Dataprev, o uso do FGTS como garantia só estará disponível a partir de novembro. Até lá, os contratos firmados não poderão utilizar o fundo como respaldo, o que limita a atratividade da linha de crédito.
Crédito redesenhado para não fracassar
A reformulação do programa mostra que o Crédito do Trabalhador ainda não “emplacou”, como esperava o Ministério do Trabalho. Criado para oferecer uma alternativa ao polêmico saque-aniversário, o programa enfrenta entraves tecnológicos, falta de clareza sobre regras e resistência de instituições financeiras.
O cenário atual revela que o governo está redesenhando o programa aos poucos, com medidas diluídas no tempo para evitar seu abandono completo. Embora a ideia seja interessante — utilizar o FGTS para democratizar o crédito e reduzir taxas — a execução técnica e operacional ainda deixa a desejar, e muitos trabalhadores seguem sem acesso prático ao benefício.
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