Feira de Santana impulsiona produção da agroindústria familiar no interior da Bahia

A Agroindústria familiar agrega valor à produção de pequenas propriedades rurais, onde o trabalho é desenvolvido majoritariamente pelos próprios membros da família. Na região de Feira, a diversificação é grande, com iniciativas voltadas para segmentos como biscoitos, polpas de frutas, farinhas e outros derivados de mandioca, mel e laticínios, dentre outros.Segundo o Censo Agropecuário do IBGE/2017 (último realizado, o próximo será em 2026), o Território de Identidade Portal do Sertão somou naquele ano um valor de Produção de R$ 3,7 milhões através das agroindústrias familiares. Deste valor, R$ 3 milhões foram gerados em Feira de Santana.Como estratégia para fortalecer a produção e a geração de renda na agricultura familiar da Bahia, diferentes ações foram implementadas no estado, como o apoio para implantação e requalificação de aproximadamente 400 agroindústrias.E, pela importância socioeconômica da atividade no meio rural, no Plano Safra da Bahia 2025/26 o governo do estado lançou o edital de Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER) voltado às agroindústrias familiares da Bahia.A meta é atingir 16 mil famílias, que participam de 320 agroindústrias nos 27 Territórios de Identidade do estado. Para seu desenvolvimento, serão investidos R$ 35 milhões por ano, até 2028. A execução é da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) com a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR).MOVEPara alinhar objetivos e discutir a temática, Feira de Santana recebeu em março deste ano o MOVE Agroindústria Familiar da Bahia, evento que reuniu mais de 400 gestores e técnicos de todo estado e contou com mais de 20 oficinas, além de painéis de debates e o Salão de Negócios. A programação foi voltada para o fortalecimento das pequenas agroindústrias baianas, com diversificação de produtos e incremento da produção.Como atividade capaz de reforçar a fixação das famílias na zona rural, a agroindustrialização familiar conta com estímulo para implantação e requalificação de agroindústrias em todos os territórios de identidade, que são geridas por cooperativas ou associações de produtores da agricultura familiar.

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Conforme o diretor presidente da CAR, Jeandro Ribeiro, “estes equipamentos agroindustriais têm mudado a vida de cada um que está lá”, afirmou, acrescentando que “é um modelo mais acertado de distribuição de renda, a partir de um equipamento agroindustrial liderado por uma cooperativa ou por uma associação”.Para dinamizar o modelo de desenvolvimento, o estado lançou a ação ‘Agroindústria Familiar da Bahia’, que disponibiliza apoio técnico de infraestrutura e para soluções de gestão, produção e comercialização das agroindústrias.No projeto está prevista também a discussão de temas como certificação orgânica, rastreabilidade e estratégias fiscais, bem como o aumento da competitividade das agroindústrias familiares.A Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia) também participa do processo de incentivo às Organizações Produtivas do estado. Através da linha de crédito Coopergiro, com recursos do Fundo de Desenvolvimento Social e Econômico (Fundese), projetos e programas executados pela SDR/CAR tem apoio para financiamento da produção e para comercialização dos seus produtos.Professor destaca benefícios sociais da atividadeConsumidor fiel dos produtos da agroindústria familiar, o professor Osvaldo Carneiro, que mora em Feira de Santana, destacou que além da qualidade dos alimentos, “o sabor também é superior, o que valoriza essa produção livre de conservantes”.Para ele, também são importantes as memórias afetivas que lhe despertam esses alimentos, por exemplo, ao degustar os tradicionais beijus, como parte da sua infância, “que é o que mais consumo, assim como a farinha de mandioca e a tapioca granulada”, revelou.Segundo Carneiro, que atua como diretor do Centro Público de Economia Solidária (Cesol) Portal do Sertão e Sisal, a atividade dos produtores da agroindústria familiar é muito importante para as próprias famílias envolvidas e as comunidades.Sem esconder o entusiasmo com a qualidade de produtos regionais, citou ainda o beneficiamento de frutas, como acerola, umbu, caju, goiaba e manga. Transformadas em polpas, são comercializadas na região e na capital.A referência é a fábrica de polpa da Associação Comunitária da Matinha (Acom), na zona rural de Feira de Santana, que congrega mulheres da comunidade de raízes quilombolas.

|  Foto: André Frutuôso / CAR/GovBA

A entidade começou a ser implantada em 2006 e desde 2010 produz as polpas. Mas foi em 2014 que conquistou a certificação pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A partir de então, participa do processo exigido para vender a produção à merenda escolar, contando com apoio das estruturas públicas por meio de editais para incrementar a produção cada vez mais.Assim como as mulheres da Matinha, outras associações e cooperativas estão atuantes no interior do município, que teve como um dos destaques agrícolas em 2024 a produção de mandioca, somando 1,4 mil toneladas, gerando R$ 932 mil.E, da raiz nativa da América Latina, além da farinha e da tapioca, as pequenas agroindústrias também produzem a fécula e a tapioca granulada, usada para o tradicional cuscuz de tapioca e mingaus. A partir dos derivados, também são comuns os sequilhos doces e salgados.

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