Agricultura familiar de Feira alimenta Salvador e Região Metropolitana

A agricultura familiar de Feira de Santana registrou 5.693 propriedades no último Censo Agropecuário realizado pelo IBGE, somando uma área de 17.070 hectares (ha) que produzem a maior parte dos hortifrutigranjeiros e outros produtos consumidos no município e em localidades vizinhas.Fundamental para ajudar na fixação das famílias em sua área de produção, nos 17 municípios que fazem parte do Território de Identidade (TI) Portal do Sertão, o Censo registrou um total de 32.172 hectares (ha) em 8.741 estabelecimentos dentro desta modalidade produtiva.A contagem indicou, ainda, que o Valor de Produção da agricultura familiar nos 17 municípios somou R$ 74.045 milhões, dos quais, R$ 22.952 milhões em Feira. O Censo Agropecuário de 2017 foi o último realizado pelo órgão, que anunciou este ano que uma nova contagem agropecuária será feita em 2026.Mandioca, milho, feijão e frutas diversas são as principais culturas de subsistência que dependem na grande maioria apenas do clima para serem produzidas, o que é um fator limitante, notadamente em anos com poucas chuvas.

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Para contornar este problema, dentre outras iniciativas, os produtores são estimulados a promover cultivos resistentes e criar animais que suportam condições mais adversas.Estas pequenas propriedades produzem para o próprio consumo e para vender nos supermercados, estabelecimentos de saúde e ensino, bem como nas feiras livres, onde “o comércio é muito forte, principalmente aos sábados e domingos”, disse a presidente da Associação Comunitária da Matinha (Acoma), Geane Almeida.Nascida em uma comunidade de pequenos produtores que lutam pela subsistência, ela revelou ainda que estão potencializando a produção com auxílio de assistência técnica disponibilizada pelos órgãos públicos em diferentes iniciativas. “Que ainda não é a ideal, mas está nos ajudando em diferentes etapas da produção e venda”, salientou, animada com os resultados.Associada da Acoma, uma das mais antigas organizações de produtores da região, a moradora da comunidade quilombola Matinha dos Pretos, Mariza Lima, disse que está aprendendo a fazer o caixa, para saber qual a renda da família. “Mas ainda não fiz na prática e não sei quanto é nosso lucro”.Ela revelou que depois de pagar as despesas, vai investindo em melhorias na propriedade e na educação das filhas, ressaltando que está introduzindo uma nova atividade com galinhas poedeiras de quintal, “que devem trazer bons resultados pra nossa família”.

Presidente da Associação Comunitária da Matinha (Acoma), Geane Almeida

|  Foto: Acervo pessoal/Divulgação

Com mais de 600 mil propriedades e mais de dois milhões de pessoas atuando na atividade, a Bahia é o estado com maior número de estabelecimentos da agricultura familiar do Brasil, somando 15% do total de estabelecimentos brasileiros nesta modalidade. Conforme o Censo Agropecuário IBGE 2017.Plano SafraCom programas específicos e em projetos diversificados, os pequenos agropecuaristas têm apoio dos governos locais, do Estado e da União, que lançou em julho o Plano Safra Bahia 2025/26, somando investimentos de R$ 4,3 bilhões para o estado.O foco é a ampliação de crédito, o incentivo à produção sustentável, bem como o fortalecimento das políticas voltadas ao campo para melhorar as condições de produção e a qualidade de vida também na zona rural. Através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), no total serão R$ 4,9 milhões aplicados no crédito rural.Este ano, o valor médio destinado para os agropecuaristas da agricultura familiar da Bahia passou de R$ 12 mil para R$ 13 mil, com a meta de chegar a R$ 15 mil/ano. Pelo Pronaf, o produtor das pequenas propriedades tem desconto nos juros e prazo de carência diferenciado.Também estão previstas ações que facilitem o acesso da agricultura familiar às compras públicas, bem como o serviço de assistência técnica. No estado serão 480 profissionais atuando para auxiliar na gestão das propriedades, no acesso ao seguro agrícola e no estímulo à transição agroecológica, com uso de métodos conservacionistas e de regeneração da natureza.Para o diretor-presidente da Companhia de Desenvolvimento e Ação regional (CAR), Jeandro Ribeiro, a produção da agricultura familiar é importante para alimentar a população baiana. “São alimentos saudáveis, porque eles produzem para si e vendem o excedente”, pontuou, observando que com o apoio eles ampliam a produção e as vendas, “seguindo os mesmos conceitos agroecológicos de sustentabilidade das demais propriedades rurais do estado”.Com produção diversificada, o TI Portal do Sertão se destaca pela produção de hortaliças. “Do cinturão da BR 342 saem quase todas olerícolas para abastecer Salvador e as cidades da região”, enfatizou Ribeiro, salientando também a produção de galinhas caipiras e no sistema convencional, dentre outros alimentos tradicionais que vão para a mesa da população baiana.

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