A economia russa enfrenta um dos momentos mais críticos desde o início da guerra na Ucrânia. A Rosneft, maior produtora de petróleo do país, anunciou uma queda de 68% no lucro líquido no primeiro semestre de 2025, totalizando 245 bilhões de rublos (£ 2,25 bilhões). O tombo evidencia o impacto da queda global nos preços do petróleo, além das pressões geopolíticas e militares que vêm corroendo a capacidade de geração de receitas do Kremlin.
Segundo o CEO da companhia, Igor Sechin, aliado próximo de Vladimir Putin, a principal causa do recuo foi o excesso de oferta global:
“O primeiro semestre foi caracterizado por uma queda nos preços do petróleo, principalmente devido à superprodução. O motivo central é o aumento ativo da produção por países da OPEP, como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iraque e Kuwait”, afirmou Sechin em 30 de agosto.
Pressão da OPEP+ e a disputa com os EUA
A Rússia, integrante da OPEP+, tem enfrentado dilemas estratégicos. O cartel vem promovendo cortes de produção para sustentar os preços internacionais, mas Sechin critica a eficácia da medida, alegando que os Estados Unidos aumentam sua produção sempre que há redução da oferta global, neutralizando o efeito dos cortes.
A Rosneft projeta que o superávit global de petróleo poderá chegar a 2,6 milhões de barris por dia no quarto trimestre, sinalizando um cenário ainda mais desafiador para os exportadores.
Ataques ucranianos ampliam a crise
O quadro se agravou com os ataques ucranianos contra refinarias russas. Somente em agosto, segundo cálculos da Reuters, dez refinarias foram atingidas, comprometendo 17% da capacidade de processamento do país, equivalente a 1,1 milhão de barris por dia.
Relatos em redes sociais e aplicativos de mensagens apontam filas quilométricas em postos de combustíveis em regiões como Primorye, onde os preços de gasolina e diesel atingiram recordes no atacado.
Impacto nas finanças do Kremlin
O setor de petróleo e gás, principal fonte de financiamento da guerra de Putin, também registra forte queda de arrecadação. Em julho, as receitas despencaram 27% em relação a 2024, somando 787,3 bilhões de rublos (£ 7,25 bilhões).
Para analistas da Oxford Economics, a situação aponta para um cenário recessivo:
“É muito cedo para adotar uma visão otimista. A economia russa está à beira de uma recessão técnica, com alta probabilidade de retração nos próximos trimestres”, afirmou Tatiana Orlova, economista-chefe para mercados emergentes.
Um futuro incerto
A crise da Rosneft é um reflexo da fragilidade estrutural da economia russa diante das sanções, da guerra prolongada e da dependência excessiva das exportações de energia. Com o petróleo barato, ataques ucranianos constantes e tensões dentro da própria OPEP+, a perspectiva de recuperação no curto prazo parece cada vez mais distante.
O post Petróleo barato e ataques na Ucrânia levam Rússia à beira da recessão apareceu primeiro em O Petróleo.