Além da menopausa natural, muitas mulheres enfrentam a menopausa precoce induzida pelo câncer, causada por tratamentos como quimioterapia, radioterapia pélvica, bloqueio hormonal ou remoção dos ovários. Essa condição provoca mudanças abruptas no corpo e na mente e merece mais visibilidade, segundo especialistas.
“Essa interrupção súbita da função ovariana pode ocorrer em qualquer idade, mas tem impactos ainda mais significativos em mulheres jovens”, explica o oncologista Dr. Ramon Andrade de Mello, professor universitário e pesquisador com experiência internacional. Estudos mostram que a quimioterapia pode induzir menopausa em cerca de 50% das pacientes que ainda não passaram por essa fase, chegando a quase 100% entre mulheres próximas dos 50 anos, completa a ginecologista Dra. Ana Paula Fabricio.
Os sintomas da menopausa induzida tendem a ser mais intensos que na menopausa natural, já que a queda hormonal acontece de forma repentina. Ondas de calor, insônia, ressecamento vaginal, dor nas relações sexuais, alterações de humor, perda de massa óssea, ganho de peso e redução da libido estão entre os efeitos mais comuns. “Há também um impacto emocional profundo: muitas mulheres relatam sensação de envelhecimento precoce, luto pela perda da fertilidade e dificuldade para manter a vida sexual”, diz Dra. Ana.
Abordagem multidisciplinar
O manejo da menopausa induzida pelo câncer exige uma abordagem multidisciplinar. O oncologista identifica riscos e escolhe terapias adequadas, além de orientar sobre preservação da fertilidade, como congelamento de óvulos ou uso de bloqueadores ovarianos.
A ginecologista acompanha de perto a saúde sexual e reprodutiva, indica tratamentos hormonais ou não hormonais para aliviar sintomas, previne complicações e promove o bem-estar da paciente. “Monitorar a densidade óssea, prevenir doenças cardiovasculares e manter diálogo aberto sobre sexualidade são cuidados essenciais”, reforça Dra. Ana.
O tratamento pode incluir terapia de reposição hormonal, avaliada caso a caso, especialmente em pacientes com câncer hormônio-dependente. Quando a reposição não é indicada, existem alternativas não hormonais que ajudam a reduzir fogachos, melhorar o sono e aliviar a secura vaginal. Ajustes no estilo de vida, prática de exercícios, alimentação equilibrada e apoio psicológico também são fundamentais para a qualidade de vida.
Mais do que tratar a doença
“Mais do que prolongar a vida, precisamos garantir bem-estar para os anos que virão”, afirma Dr. Ramon. Reconhecer os impactos da menopausa induzida pelo câncer e investir em acompanhamento especializado significa oferecer vida com qualidade para mulheres que enfrentam essa condição.
Fontes:
Dr. Ramon Andrade de Mello: Oncologista do Centro Médico Paulista High Clinic Brazil, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cancerologia, pós-doutor clínico no Royal Marsden NHS Foundation Trust (Inglaterra), pesquisador honorário da Universidade de Oxford (Inglaterra). Instagram: @dr.ramondemello
Dra. Ana Paula Fabricio: Ginecologista com Título de Especialista em Ginecologia e Obstetrícia (TEGO). Pós-graduações em Nutrologia, Medicina Estética e Prevenção de Doenças Relacionadas com a Idade. Instagram: @dra.anapaulafabricio
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