O CACR11, fundo imobiliário conhecido por sua atratividade nos rendimentos, mantém uma distribuição consistente de dividendos, superando a marca de R$ 1,30 por cota nos últimos meses. Contudo, apesar dessa rentabilidade atrativa, o fundo opera em um cenário de risco elevado, com forte concentração em poucos devedores e taxas médias que superam IPCA+12%, o que exige uma análise criteriosa por parte dos investidores.
Como o CACR11 opera e o que sustenta seus rendimentos?
O fundo se destaca por investir majoritariamente em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), tendo hoje praticamente 100% de suas operações atreladas à inflação (IPCA). A taxa média ponderada dos papéis está em IPCA+12,78% ao ano, um patamar acima da média do setor, refletindo o perfil de risco mais agressivo do portfólio.
Além disso, o CACR11 é conhecido por receber amortizações constantes de suas operações. Essa característica permite que o fundo mantenha um fluxo de caixa robusto, sustentando a distribuição recorrente de dividendos. A média mensal recente está em R$ 1,33 por cota, o que equivale a um dividend yield anualizado em torno de 16,5%.
O fundo também conta com reservas de caixa para reforçar a consistência das distribuições. Atualmente, há R$ 0,13 por cota em reserva disponível para uso imediato e mais R$ 0,34 por cota em reservas acumuladas (acruadas), que podem ser destravadas com a venda de alguns ativos.
Riscos e concentração de devedores: o ponto de atenção
Apesar dos bons dividendos, o CACR11 apresenta um risco considerável em seu portfólio. O fundo possui alta concentração em poucos devedores, o que pode amplificar os impactos de qualquer inadimplência ou renegociação de contratos.
Cerca de 40% do patrimônio do fundo está concentrado em apenas dois devedores, o que representa um nível elevado de exposição a eventos específicos dessas empresas. Esse tipo de concentração é considerado um fator de risco crítico em fundos de CRIs, já que um eventual problema com esses pagadores poderia comprometer parte relevante do fluxo de caixa.
Além disso, várias operações se repetem dentro da carteira, reforçando o grau de exposição concentrada. Algumas posições, por exemplo, ultrapassam R$ 194 milhões por operação, tornando o portfólio suscetível a oscilações maiores em caso de problemas financeiros dos emissores.
Taxa média e perfil de risco
A taxa média elevada do portfólio — IPCA+12,78% — é um reflexo direto desse risco de crédito mais alto. Em outras palavras, o fundo compensa os riscos assumidos cobrando taxas maiores nas operações, o que garante um retorno maior ao cotista, mas também eleva o grau de incerteza.
Essa estratégia é atrativa para investidores que buscam rentabilidade acima da média, mas é fundamental alinhar as expectativas quanto ao risco envolvido. Eventos adversos, como inadimplência ou renegociações forçadas, podem impactar negativamente a distribuição futura de rendimentos.
Reservas acumuladas: segurança ou ilusão?
Um ponto interessante na estratégia do CACR11 é o acúmulo de reservas não distribuídas. Atualmente, o fundo possui R$ 0,34 por cota em reservas acruadas, que ainda não podem ser distribuídas, mas podem ser liberadas caso o gestor venda determinados papéis do portfólio com ganho de capital.
Essas reservas funcionam como um colchão de segurança para momentos adversos, mas, ao mesmo tempo, dependem de movimentações específicas da carteira para serem destravadas. Isso significa que, embora representem um potencial extra de distribuição futura, o acesso a esses recursos não é imediato nem garantido.
Para quem é o CACR11?
O CACR11 é indicado para investidores que buscam altos dividendos e aceitam assumir um nível de risco mais elevado em suas carteiras. O perfil agressivo do fundo, com concentração em poucos devedores e taxas acima da média, oferece rendimentos expressivos, mas requer atenção redobrada quanto à saúde financeira dos emissores e à gestão do portfólio.
Antes de investir, é essencial que o cotista avalie se o prêmio de risco oferecido pelo fundo compensa a exposição a possíveis eventos de crédito adversos. O histórico de resiliência nas distribuições é um ponto positivo, mas não elimina a necessidade de monitoramento constante.
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