Fiagro XPCA11 mantém yield atrativo com R$ 0,10 por cota, mas deságio levanta alerta

O fundo de investimento em cadeias agroindustriais XPCA11 vem chamando atenção dos investidores por manter uma distribuição consistente de dividendos, apesar do cenário desafiador para o setor. Com uma taxa média de retorno robusta, o fundo atualmente distribui cerca de R$ 0,10 por cota, o que, considerando o deságio do mercado, representa um dividend yield anualizado próximo de 13,5%. No entanto, esse retorno elevado esconde riscos importantes que merecem atenção.

Composição do portfólio e exposição setorial

O XPCA11 apresenta uma carteira concentrada em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs), que representam 78% do portfólio, enquanto os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) somam 13%, e o restante, cerca de 8,5%, permanece em caixa.

Entre os principais setores, destacam-se as usinas de açúcar e etanol, que lideram a alocação, seguidas por companhias agrícolas e de energia. O foco em segmentos agroindustriais garante uma taxa média elevada, com operações indexadas, majoritariamente, ao CDI + 3,1% e IPCA + 9,16%, o que garante uma boa remuneração, especialmente em tempos de Selic alta.

Devedores: saúde financeira mista

O fundo possui uma exposição diversificada entre diferentes devedores, com destaque para empresas como Science, adquirida pela SLC Agrícola, que representa parte relevante do portfólio. A companhia registrou um faturamento robusto, próximo a R$ 7 bilhões, o que reforça a segurança da operação.

Outras participações incluem:

  • Flora (5,9% da carteira): apesar de ter registrado uma redução de 16% no lucro líquido em relação a 2023, a empresa segue com uma situação financeira saudável.
  • BRF (1,5%): controlada pela Marfrig, a gigante do setor de proteínas vem apresentando forte fluxo de caixa e redução nos níveis de alavancagem.
  • AES Brasil (quase 7%): líder em energia renovável, com aumento de 10% na receita líquida no comparativo anual.
  • ACP (5,5%): uma das maiores produtoras agrícolas do país, com aumento de 10% na receita, embora tenha sofrido uma leve redução no lucro líquido.

Apesar desses números positivos, há operações que demandam atenção especial.

Operações em alerta: risco de crédito no radar

O XPCA11 apresenta aproximadamente 20% de sua carteira em operações classificadas como “pontos de atenção”, o que gera preocupação entre investidores mais conservadores. Entre os casos mais relevantes estão:

  • Solub (5,6% da carteira): apesar de monitorada de perto, a operação segue tranquila até o momento.
  • FSB (5,2%): outra posição significativa em observação.
  • AgroGalaxy (cerca de 4,1%): empresa do agronegócio que representa uma parcela considerável das operações em risco.

Essas exposições elevam o risco de inadimplência futura e impactam diretamente a percepção de segurança do fundo, refletindo no deságio superior a 20% em relação ao valor patrimonial.

Dividendos e perspectiva de distribuição

Mesmo com os riscos no radar, o XPCA11 vem mantendo a distribuição mensal de R$ 0,10 por cota, alinhada ao resultado contábil e ao caixa do fundo. Com o patamar atual da Selic em níveis elevados, o fundo tende a manter esse ritmo de dividendos nos próximos meses, desde que o nível de inadimplência siga controlado.

A taxa média das operações do fundo, embora tenha sofrido uma leve queda com a recente movimentação da Selic, permanece atrativa para o investidor disposto a aceitar maiores riscos.

Impacto do cenário macroeconômico

A Selic, atualmente em patamares elevados e com perspectiva de se manter alta por mais tempo, favorece os rendimentos das operações atreladas ao CDI. No entanto, o ambiente macroeconômico, com inflação oscilante e possibilidade de retração econômica, pode pressionar ainda mais as empresas devedoras, aumentando o risco de inadimplência.

O XPCA11 continua oferecendo um dos dividend yields mais atrativos entre os Fiagros, mas o investidor precisa estar atento ao perfil de risco do fundo. O deságio nas cotas, apesar de tornar o yield mais interessante, reflete as incertezas quanto à saúde financeira de parte da carteira.

Para quem busca retorno elevado e está disposto a lidar com oscilações e riscos de crédito, o XPCA11 pode ser uma alternativa. No entanto, para perfis mais conservadores, a recomendação é cautela e diversificação com ativos de menor risco.

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