Fundo IRDM11 na berlinda: reservas crescentes e rendimentos minguados levantam alerta

O fundo imobiliário IRDM11, gerido pela Iridium, chama atenção não apenas pela sua carteira diversificada de crédito, mas também por sua política robusta de acumular reservas. Em março de 2025, mesmo com um resultado operacional considerado fraco — distribuição de apenas R$ 0,72 por cota — o fundo não recorreu às reservas para complementar os rendimentos. Isso levanta uma questão que muitos cotistas se fazem: por que o IRDM11 guarda tanto dinheiro em caixa?

A resposta passa por entender a estratégia do gestor, os riscos embutidos na carteira e como as reservas funcionam como um “colchão de segurança” para períodos turbulentos.

O papel das reservas: estabilidade em tempos de volatilidade

Fundos de crédito como o IRDM11 enfrentam variações significativas em seus rendimentos, principalmente em função do comportamento da inflação, já que muitos de seus ativos são indexados ao IPCA. Em meses de inflação mais baixa, o resultado tende a cair, e o gestor pode usar as reservas para suavizar o impacto nos dividendos. Porém, em março, mesmo com a inflação recuando e afetando o resultado, a gestora optou por não utilizar esses recursos.

Essa decisão sinaliza que o gestor está se preparando para cenários mais críticos, onde uma reserva robusta pode ser essencial para absorver choques maiores — como inadimplência ou perdas expressivas em determinados ativos da carteira.

Riscos ocultos na carteira: o caso Gramado Parks

Um dos riscos potenciais do IRDM11 envolve sua exposição ao Grupo Gramado Parks, que atravessa um processo de recuperação judicial. O fundo possui quase 3 milhões de ações da empresa, adquiridas a um custo médio de R$ 8,20, totalizando mais de R$ 24 milhões. Caso o grupo não consiga se recuperar e entre em falência, a perda pode ser total — equivalente a cerca de R$ 0,64 por cota. Nesse cenário, as reservas ajudariam a mitigar o impacto imediato nos rendimentos, mas a pressão sobre os resultados seria inevitável.

O peso de ativos problemáticos: TPPR11 no radar

Outro ponto sensível na carteira do IRDM11 é sua exposição ao fundo TPPR11, antigo fundo de lajes corporativas da XP, agora rebatizado como VPR11 sob a gestão da V2 Investimentos. Apesar de representar apenas 0,12% do patrimônio do IRDM11, o fundo acumula um prejuízo contábil significativo: as cotas foram adquiridas a R$ 80 e hoje estão sendo negociadas a cerca de R$ 13, gerando uma perda potencial de mais de R$ 19 milhões (ou aproximadamente R$ 0,53 por cota).

Esse tipo de exposição reforça a necessidade de manter reservas elevadas, já que uma eventual liquidação desse ativo poderia demandar o uso imediato desses recursos para preservar o fluxo de caixa e os rendimentos dos cotistas.

Perspectivas para os rendimentos do IRDM11

Embora o fundo tenha distribuído apenas R$ 0,72 por cota em março, há expectativa de melhora nos próximos meses, impulsionada pela alta recente do IPCA. Com inflação mais elevada, o resultado operacional tende a subir, podendo alcançar ou superar R$ 1,00 por cota, especialmente se houver eventos não recorrentes favoráveis.

No entanto, a imprevisibilidade da carteira — que contém desde CRIs de qualidade até ativos mais arriscados — dificulta projeções precisas. A política de reservas, embora proteja os cotistas em momentos adversos, também limita o potencial de distribuição em períodos de bonança, criando um equilíbrio delicado entre segurança e rentabilidade.

Proteção ou limitação?

A estratégia de manter reservas elevadas no IRDM11 tem seu mérito: protege contra a volatilidade e eventuais perdas com ativos de risco. Contudo, também gera frustração entre cotistas que esperam rendimentos mais robustos. Esse é o preço da segurança em um fundo com exposição a diferentes níveis de risco.

Para os investidores, entender essa dinâmica é essencial para ajustar expectativas e avaliar se o perfil do fundo se alinha aos seus objetivos. A política de reservas do IRDM11 mostra que, mais do que uma simples escolha de gestão, trata-se de uma estratégia para garantir a perenidade do fundo em um ambiente de incertezas.

 

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