Juros devem subir? IPCA pressiona e Banco Central mantém sinal de alerta

A inflação oficial de abril (IPCA) veio praticamente em linha com o esperado, registrando alta de 0,43%, mas a composição do índice acendeu um forte sinal de alerta. Itens ligados a serviços, como alimentação fora do domícilio e outros segmentos atrelados à atividade econômica interna, apresentaram aceleração significativa, ofuscando a queda em alimentos e passagens aéreas. O dado anualizado de serviços subjacentes está em 7,7%, mais que o dobro da meta de inflação de 3%.

Banco Central deve subir os juros em junho?

O Banco Central já vinha sinalizando que os próximos meses mostrariam uma inflação acima do teto da meta, mas a preocupação maior está na persistência de componentes ligados à demanda aquecida. A expectativa do mercado se volta agora para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) no fim de junho, com chances reais de nova alta de 0,25 ponto percentual na Selic.

PIB do 1T25: próximo dado crucial

Outro dado relevante antes da decisão do Copom é o PIB do primeiro trimestre, com divulgação marcada para 30 de maio. O BC projeta crescimento de 1,4%, puxado pelo agronegócio, enquanto analistas da Genial estimam avanço de 1,5%. Caso o consumo das famílias e serviços surpreendam positivamente, o cenário de juros mais altos ganha força.

Balanços: dividendos e resultados movimentam a Bolsa

O mercado acionário teve um pregão misto nesta sexta-feira. A PetroRecôncavo subiu mais de 5% após anunciar dividendos de 7%, com “data com” na próxima semana. Porto Seguro também se destacou com retorno sobre o patrimônio (ROE) de 24%, superando o guidance de 20% para 2025. Já Renner agradou ao mercado com bons números em receita e margem.

Magalu perde espaço no digital

Na outra ponta, Magazine Luiza desapontou com queda nas vendas digitais, contrastando com o desempenho de players como Mercado Livre. A ação recuou, refletindo preocupação com perda de market share.

MRV e Tenda: sinais divergentes no setor

Entre as construtoras, a MRV recuou 11% após reportar prejuízo com a venda de ativos nos EUA abaixo do valor contábil. Em contrapartida, a Tenda subiu mais de 12% com margens em recuperação e projeção de lucro acima do guidance.

Azul despenca com efeito colateral da Gol

Azul caiu 12% após ser puxada pela forte queda da Gol, que anunciou aumento de capital com valor simbólico por ação, gerando risco de diluição acima de 90% para quem não participar da emissão.

China reage às tarifas e negocia com os EUA

No cenário internacional, as exportações da China cresceram 8,1% em abril, surpreendendo positivamente o mercado. No entanto, as vendas para os EUA recuaram 21% devido à escalada tarifária. A China tem ampliado sua presença em outros mercados do sudeste asiático e deve adotar postura firme nas negociações com os americanos em Genebra.

Cenário de longo prazo ainda incerto

Mesmo com possível alívio nas tarifas na próxima semana, especialistas esperam que um acordo final só seja alcançado no fim do ano, com tarifas permanentes em torno de 60% para produtos chineses. Esse desfecho pode impactar o PIB global, inclusive o do Brasil, já que 1 ponto de queda no PIB chinês reduz 0,3 ponto no PIB brasileiro.

Com inflação resistente, expectativa de PIB robusto e pressões externas, o Banco Central deve seguir em alerta máximo. O mercado, por sua vez, ajusta expectativas diante de balanços e incertezas geopolíticas. O próximo dado relevante será o PIB do 1T25, com potencial de consolidar a direção da política monetária no curto prazo.

 

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