O principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, renovou sua máxima histórica intradiária nesta segunda-feira (20), alcançando a marca simbólica dos 140 mil pontos. A arrancada do índice foi impulsionada por uma combinação de fatores, com destaque para as falas do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e dados econômicos que surpreenderam positivamente o mercado.
Presidente do BC reforça juros altos por mais tempo
Durante evento promovido pelo banco Goldman Sachs, Galípolo declarou que manter os juros elevados por mais tempo faz sentido diante do atual cenário econômico, uma vez que as expectativas de inflação seguem desancoradas e há incertezas relevantes, como o impacto das novas tarifas comerciais dos Estados Unidos.
A sinalização de continuidade no aperto monetário agradou parte do mercado que vê na taxa Selic elevada um pilar de estabilidade para conter pressões inflacionárias e atrair capital estrangeiro, sobretudo em um momento de volatilidade externa.
PIB surpreende com prévia acima do esperado
O otimismo também ganhou força com a divulgação do IBC-Br, índice do Banco Central que funciona como uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB). O indicador registrou alta de 0,8% em março, superando a projeção de 0,5% dos analistas. Na comparação trimestral, o avanço foi de 1,3% nos três primeiros meses de 2025, sinalizando uma retomada econômica mais robusta que o antecipado.
O dado reforça a resiliência da economia brasileira frente aos desafios fiscais e externos, sendo interpretado como um sinal verde para o apetite ao risco, contribuindo para o desempenho positivo da Bolsa.
Rebaixamento dos EUA acende alerta global
Enquanto o Brasil celebra os números positivos, o cenário internacional lança sombras. Na semana anterior, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a nota de crédito dos Estados Unidos, elevando a percepção de risco sobre o equilíbrio fiscal da maior economia do mundo.
Como resultado, os principais índices de Wall Street operam em queda, ao passo que o dólar recua frente ao real, refletindo o aumento da atratividade dos ativos brasileiros diante da piora do cenário externo.
Exportações ameaçadas pela gripe aviária
Apesar do clima de otimismo no mercado financeiro, o Brasil enfrenta um desafio sanitário: a gripe aviária. Segundo o Ministério da Agricultura, 36 países já suspenderam a compra de frango brasileiro, incluindo mercados estratégicos como China, México, Chile, União Europeia, Coreia do Sul, Japão e África do Sul.
O impacto pode ser relevante, considerando que o Brasil é um dos maiores exportadores globais de carne de frango. No entanto, até o momento, os casos confirmados em granjas comerciais se restringem aos estados de Tocantins e Santa Catarina. A maior parte dos registros é em criações domésticas de subsistência, o que não afeta diretamente o comércio internacional.
O Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, garantiu que o sistema sanitário brasileiro é robusto e transparente, afirmando que o país está agindo com rapidez na contenção de focos suspeitos.
Impacto nos mercados e expectativas futuras
Com a valorização do Ibovespa, investidores voltam a considerar o Brasil como um dos principais destinos emergentes para alocação de recursos. A combinação de juro real elevado, crescimento econômico acima do esperado e ativos ainda descontados pode gerar oportunidades no médio prazo.
No entanto, os próximos dias serão decisivos para testar a sustentação do novo patamar do índice. Fatores como a reação dos investidores globais ao rebaixamento dos EUA, a política monetária americana e os desdobramentos da gripe aviária poderão influenciar os movimentos futuros da Bolsa.
O Ibovespa rompeu uma barreira psicológica e técnica importante ao ultrapassar os 140 mil pontos, impulsionado por fatores domésticos positivos, apesar das tensões externas. A manutenção de juros altos, defendida por Galípolo, somada à alta do IBC-Br, reforça a percepção de solidez da economia brasileira neste início de 2025.
Mas os desafios continuam, e o investidor atento deve acompanhar não apenas os indicadores internos, mas também os riscos globais e eventuais impactos no comércio exterior.
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