Nesta semana, a Eletrobras completa três anos desde a conclusão de sua privatização, período em que promoveu cortes de 18% nos custos operacionais (PMSO), reduziu em 27% o quadro de funcionários e eliminou R$ 13 bilhões em passivos de empréstimos compulsórios. Apesar desses avanços, as ações da companhia não reagiram no mercado, permanecendo em patamares historicamente baixos.
Avanços operacionais
Desde a venda ao setor privado, a empresa intensificou programas de meritocracia e encerrou parte de seus contratos de gestão, refletindo diretamente na economia de despesas. A diminuição do PMSO e a contenção nas contratações têm aliviado a pressão sobre as margens, mas ainda não foram suficientes para mobilizar um fluxo comprador significativo.
Foco em transmissão e melhora de margem
Para equilibrar o portfólio, a Eletrobras aumentou seu ritmo de investimentos na expansão de linhas de transmissão, segmento reconhecido pela previsibilidade de receitas. Essa estratégia, aliada à redução de custos, reforça a perspectiva de melhoria nas margens operacionais e maior geração de caixa recorrente.
Desafios externos e governança
Analistas apontam que fatores alheios à gestão, como a atual conjuntura do setor elétrico e o ambiente macroeconômico mais restritivo para ativos de risco no Brasil, têm mantido os papéis sem tração. Além disso, a limitação do poder de voto causada por ações diretas de constitucionalidade chegou a paralisar decisões estratégicas, embora já tenha sido contornada.
Visão de mercado
Segundo Vitor Souza, da Genial Investimentos, a necessidade de postergar medidas mais ousadas, como a incorporação de subsidiárias e cortes adicionais de pessoal, pode ter contribuído para a “letargia” das ações. Já a comparação com empresas como a Copel — que após privatização avançou em dividendos — reforça a tese de que o setor elétrico tende naturalmente a distribuir mais valor ao acionista.
Potencial de dividendos e recompra
Com múltiplos ainda atraentes e negociando abaixo do preço-teto projetado pelos analistas, a Eletrobras sinaliza que deve estabelecer uma política de dividendos mais robusta, elevar o payout e manter programas de recompra de ações. A expectativa de convergir as ações preferenciais (ELET6) para ordinárias (ELET3) também ganha força, potencialmente beneficiando a governança.
Para investidores de longo prazo e carteiras previdenciárias, a atual fase de estabilização dos papéis pode representar oportunidade de acumulação, mirando o destravamento de valor quando as iniciativas de custo e investimento começarem a refletir em dividendos consistentes.
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