Rombo no FIES preocupa mercado, mas Banco do Brasil nega risco aos resultados

A recente divulgação de um suposto rombo bilionário no FIES reacendeu a preocupação de investidores sobre o possível impacto nos resultados do Banco do Brasil (BBAS3) e da Caixa Econômica Federal. No entanto, em resposta a questionamentos levantados nas redes sociais e comunidades de investidores, o Banco do Brasil negou que haja risco de prejuízos aos seus cofres com os contratos inadimplentes do programa de financiamento estudantil.

Segundo dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a inadimplência acumulada entre 2020 e 2024 nos contratos do FIES ultrapassa R$ 15,7 bilhões. Estimativas de mercado apontam que o passivo do Banco do Brasil poderia chegar a R$ 26 bilhões, considerando o número de contratos administrados — cerca de 839 mil em fase de amortização, dos quais 572 mil estariam inadimplentes.

BB nega prejuízos e reforça garantia do FGEDUC

Diante da repercussão da notícia, o analista Eduardo Nichil, especialista em setor bancário e ex-chefe de análise da Genial Investimentos, entrou em contato com o relacionamento com investidores (RI) do Banco do Brasil para esclarecer a situação. De acordo com o próprio BB, a reportagem divulgada estaria “enviesada” e “torta”.

O banco afirmou que não realiza novos contratos do FIES desde 2018, quando a Caixa passou a ser o agente financeiro exclusivo do programa. Além disso, as operações anteriores que ainda estão sendo administradas pelo BB têm risco de crédito coberto integralmente pelo FGEDUC — Fundo de Garantia de Operações de Crédito Educativo.

Esse fundo atua como uma espécie de seguro, cobrindo as perdas em caso de inadimplência por parte dos estudantes, especialmente os de baixa renda. “Não há o que se falar em prejuízo para o Banco do Brasil”, destacou o RI da instituição, conforme relato de Nichil.

Impacto deve ser neutro nos resultados do BB

Ainda segundo o analista, mesmo que eventuais inadimplências passem pela Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) do banco, o FGEDUC garante o reembolso integral das perdas, tornando o impacto efetivo “muito baixo”.

Ou seja, o BB reforça que não há risco fiscal direto, tampouco impacto significativo nos lucros ou distribuição de dividendos aos acionistas. O risco de crédito é transferido ao fundo garantidor, que foi estruturado justamente para cobrir esse tipo de inadimplência.

Problemas no FIES persistem, mas foco do mercado segue no agro

Embora o alerta sobre a sustentabilidade do FIES continue relevante, principalmente para políticas públicas de financiamento estudantil, os analistas reforçam que esse tema não representa um risco relevante para o Banco do Brasil neste momento.

O foco principal dos investidores em relação ao banco continua sendo a inadimplência do setor agropecuário, especialmente diante da crise de crédito que afeta produtores rurais. O segundo trimestre de 2025 ainda deve apresentar pressões nos resultados, segundo análises recentes, com possível melhora apenas a partir de 2026.

Risco do FIES está fora do radar

A repercussão da matéria original que apontava um “rombo” no FIES causou preocupação inicial, mas, de acordo com o próprio Banco do Brasil e especialistas do setor bancário, não há motivo para alarme. O risco está mitigado por um fundo garantidor sólido, e os contratos novos do programa já não são operados pelo BB há anos.

Portanto, não há impacto material nos lucros, provisões ou dividendos relacionados à inadimplência do FIES, e os investidores podem manter o foco nas variáveis macroeconômicas e na performance dos principais segmentos da carteira de crédito do banco.

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