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Na prática, as ações se concentram na prevenção e na contenção de riscos. No caso do milho, o objetivo é conter o avanço da cigarrinha e do enfezamento por meio de monitoramento e uso de cultivares resistentes. Já o programa voltado às plantas daninhas visa impedir a entrada de espécies com alta resistência a herbicidas e que oferecem riscos à soja e ao algodão. “Esses projetos representam aplicações e intensificações específicas das estratégias de vigilância já existentes, com maior ênfase em medidas preventivas”, afirma o diretor.A criação dos novos programas fitossanitários na Bahia representa não apenas um avanço técnico, mas também a consolidação de um diálogo entre o setor público e o setor produtivo. A exemplo do que já ocorre com culturas como soja e algodão, as ações agora se estendem ao milho e às plantas daninhas, refletindo preocupações práticas dos agricultores diante de perdas causadas por pragas e doenças. Para Aloísio Júnior, gerente de agronegócios da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), essa atualização normativa é resultado direto das demandas dos próprios produtores da região oeste, especialmente após episódios de surtos fitossanitários nos últimos anos.“Essa criação foi um desdobramento de iniciativas locais. A cigarrinha-do-milho, por exemplo, é vetor de espiroplasmas e tem sido um dos principais entraves para a cultura. Muitos produtores já vinham desestimulados com o cultivo, e o programa surge como uma resposta concreta a esse cenário”, afirma Aloisio. Segundo ele, a atuação conjunta entre Adab, associações como a Aiba e as comissões técnicas regionais é essencial para garantir que as regras sejam efetivas e construídas com participação de todos os elos da cadeia.A ampliação das estratégias fitossanitárias na Bahia vem se consolidando como um avanço técnico e institucional para o setor agrícola, especialmente em culturas como algodão, que já contam com protocolos consolidados. A Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), que tem histórico de atuação em defesa sanitária, avalia positivamente a atualização do Projeto Fitossanitário do Algodão. Para a entidade, as novas diretrizes reforçam o caráter preventivo das ações e fortalecem a educação dos produtores, especialmente com a criação de grupos de trabalho e campanhas de conscientização específicas.Apoio ao produtor“O trabalho da Adab é fundamental não apenas na fiscalização, mas também no apoio educativo ao produtor”, destaca Alessandra Zanotto Costa, presidente da Abapa. Segundo ela, um dos principais desafios da cotonicultura ainda é o controle do bicudo-do-algodoeiro, praga que já causou sérios danos em safras anteriores. A dificuldade no manejo das tigueras de algodão na soja antecipada também exige atenção redobrada. As tigueras são plantas que brotam de sementes ou grãos perdidos na colheita de culturas anteriores, crescendo de forma espontânea na safra seguinte. “As novas medidas, como a campanha de conscientização para irrigantes e a sistematização de boas práticas ao final de cada safra, oferecem caminhos concretos para reduzir riscos e ampliar a eficiência do controle fitossanitário”.A presidente da Abapa também reforça que a vigilância constante e o compartilhamento de experiências contribuem diretamente para a produtividade e qualidade das lavouras. “A atuação preventiva tende a reduzir a incidência de pragas e minimizar perdas. Isso impacta diretamente na produtividade, permitindo que o produtor invista com mais segurança e colha resultados mais consistentes”, afirma Alessandra. Ela destaca ainda a campanha de conscientização sobre a contaminação de insumos com caroço de algodão como uma iniciativa relevante para frear a proliferação de tigueras e doenças.O fortalecimento dos programas fitossanitários na Bahia marca um avanço importante na consolidação de uma agricultura mais segura e eficiente. Ao integrar ações técnicas, educativas e de vigilância, as novas medidas ampliam a capacidade de resposta a pragas e doenças, reforçam o diálogo com o setor produtivo e contribuem para proteger a produtividade das lavouras. A expectativa é que, com essa atuação coordenada, a sanidade vegetal no estado ganhe ainda mais consistência, garantindo estabilidade e qualidade nas principais cadeias agrícolas baianas.*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló